Protocolo para desobrigar o uso da máscara vai levar em conta três critérios
Documento elaborado pelo Ministério da Saúde está sendo elaborado a pedido de Bolsonaro
Foto: Reprodução/Migalhas
O Ministério da Saúde analisa três eixos para definir o protocolo sobre desobrigação do uso de máscaras no país. A pasta irá levar em conta o número de novos casos, a taxa de ocupação dos hospitais e a quantidade de pessoas imunizadas em cada localidade. O documento foi um pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e está sendo desenhado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) da pasta.
O tema é tratado com cuidado devido ao desgaste causado após a fala do presidente sobre a possível mudança nas orientações. Ao jornal O Globo, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou que não há data para a conclusão do documento e que a orientação da pasta é para que todos os brasileiros continuem usando máscaras.
No início do mês, Bolsonaro afirmou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, publicaria um parecer desobrigando o uso de máscaras para aqueles que já foram vacinados contra a Covid-19 ou que já tivessem contraído a doença. Após a declaração, Queiroga minimizou e disse que se tratava apenas de uma solicitação para fazer um estudo sobre o tema.
"O estudo já se iniciou. A ideia é observar basicamente três grandes variáveis, a primeira variável é a ocupação de leitos; a segunda variável é a curva epidemiológica, como estão as contaminações, quantidade de contágios por dia; e a terceira curva é o ritmo da vacinação, o percentual de pessoas vacinadas. (...), a partir de que configuração dessas três variáveis a gente poderia flexibilizar o uso de medidas não farmacológicas.", afirmou Cruz.
Ele destaca, no entanto, que, nesse momento, a orientação é manter o uso em todo país. Na avaliação da epidemiologista Ethel Maciel, o número de contágios por dia não deveria servir de parâmetro para a flexibilização do uso, já que o teste só é feito em quem sente os sintomas e procura pelo sistema de saúde. Para ela, este eixo poderia ser substituído pelo número de mortes.
"O momento de flexibilizar o uso de máscaras seria quando controlarmos a pandemia, com uma taxa de reprodução (Rt) em torno de 0,5, que em geral significa ter menos de um caso novo por 100 mil habitantes por dia, mas para isso é preciso testar em massa.", avalia.