Randolfe Rodrigues quer proibir troca de diretoria da PF que investiga Bolsonaro
Pedido foi encaminhado a Alexandre de Moraes, relator do inquérito, na quinta-feira (3)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O senador Randolfe Rodrigues enviou uma manifestação ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nessa quinta-feira (3), solicitando que o novo diretor-geral da PF, Márcio Nunes, seja proibido de realizar mudanças nas funções comissionadas da Dicor - Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado - e da DIP - Diretoria de Inteligência Policial -, bem como em seus órgãos subordinados, até que os inquéritos que estão em curso contra investigados com foro privilegiado sejam concluídos.
No último dia 25 de fevereiro, houve a quarta troca no comando da Polícia Federal, durante o governo Bolsonaro: Paulo Gustavo Maiurino, que estava na função desde 7 de abril de 2021, foi substituído por Márcio Nunes de Oliveira para o posto de diretor-geral da PF.
Poucos dias após assumir o novo cargo, Nunes de Oliveira anunciou que irá fazer mudanças na direção de setores estratégicos do órgão, incluindo a Dicor, área responsável por investigar políticos e integrantes do crime organizado, e a DIP, setor responsável pelas investigações a ataques de hackers a diversas instituições, entre elas o STF.
Diante disso, Randolfe Rodrigues enviou a manifestação à Alexandre de Moraes, visto que o magistrado é relator do inquérito que investiga a suposta interferência indevida do presidente Jair Bolsonaro na PF
Segundo o senador, "não é mera coincidência que a troca repentina e inesperada no comando da Polícia Federal tenha se dado justamente após o órgão ter informado ao Supremo Tribunal Federal, no início de fevereiro deste ano, que concluiu que o Presidente da República, Sr. Jair Messias Bolsonaro, cometeu crime ao divulgar informações sigilosas de uma investigação, com a finalidade de utilização nas discussões da PEC 135/2019, sobre o voto impresso", escreveu Rodrigues.
No texto da manifestação, o parlamentar defende que a repentina troca do diretor-geral da PF, sem qualquer motivo aparente, denuncia que a substituição não passou de ato de vingança de Bolsonaro contra a direção da corporação. "A PF não é uma extensão do cercadinho do Presidente da República: trata-se de um órgão de Estado, estratégico para o devido funcionamento das instituições republicanas, cujas atribuições não podem ser violadas ao bel-prazer ou para atender caprichos e interesses particulares do governante de plantão", diz.