Recursos dos fundos de investimento registram saída recorde no 1º semestre de 2023
Foram resgatados R$205 bilhões nos primeiros seis meses
Foto: José Cruz/Agência Brasil
O primeiro semestre de 2023 registrou uma saída sem precedentes de recursos dos fundos de investimento, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Foram resgatados R$ 205 bilhões nos primeiros seis meses do ano, marcando um contraste com o saldo positivo de captação de R$ 45,6 bilhões no mesmo período de 2022.
A elevação da taxa básica de juros, iniciada no ano passado, tem impactado negativamente o segmento de renda fixa, que foi o mais afetado neste semestre, registrando resgates no valor de R$ 109,9 bilhões. O perfil de investidor de varejo foi o responsável pela maior parte dos resgates, totalizando R$ 40,3 bilhões entre janeiro e junho.
Apesar dos números expressivos de resgates, o vice-presidente da Anbima e sócio-fundador da Leblon Equities, Pedro Rudge, enfatizou que eles ainda são relativamente pequenos em relação ao patrimônio total da indústria, que atualmente é de R$ 7,75 trilhões. Para efeito de comparação, o patrimônio em 2002 era de R$ 1,5 trilhão.
Embora o fluxo de resgates tenha sido contínuo, o número de contas de investimento aumentou 12,3% no primeiro semestre.
Em relação ao destino dos recursos que saíram dos fundos, a Anbima identificou que eles têm migrado para produtos de renda fixa, especialmente títulos bancários e isentos. Os investimentos em Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) aumentaram 23,2% e 22,9%, respectivamente, nos últimos seis meses. Os investimentos em títulos públicos e Certificados de Depósito Bancário (CDBs) também apresentaram crescimento.
A expectativa para uma mudança nesse cenário está ligada à trajetória da taxa Selic. A previsão do mercado é que o ciclo de cortes na taxa possa começar na próxima reunião do Copom, em agosto. Conforme os investidores passem a ter essa percepção, espera-se uma retomada da confiança e maior disposição para correr riscos.
Em relação à rentabilidade, o destaque no primeiro semestre foi o mercado de ações, com retorno acumulado de 11,8% para os fundos de ações no exterior e 11,6% para os fundos de ações livres. Para efeito de comparação, o Ibovespa registrou alta de 7,6% no mesmo período.