Rede de observatórios: Brasil registra mais de 21 mil eventos violentos em um ano
Dados evidenciam que pessoas negras são as principais vítimas da violência no país
Foto: Agência Brasil
Entre agosto de 2021 e julho de 2022, a Rede de Observatórios da Segurança registrou 21.563 eventos violentos nos sete estados que acompanha: Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. Entre 16 indicadores de violência, as ações policiais continuam representando mais da metade desses registros, segundo o relatório "Máquina de moer gente preta: a responsabilidade da branquitude".
Pela primeira vez, os números do Maranhão e Piauí, que passaram a integrar a Rede em 2021, são apresentados. Os dados entre agosto de 2021 a julho de 2022 evidenciam que pessoas negras são as principais vítimas da violência, segundo a rede. O acompanhamento é feito diariamente a partir de informações da imprensa.
Para a Rede de Observatórios, sob qualquer parâmetro estatístico, é a população negra a que mais morre no Brasil de hoje. A rede informou que no ano passado acompanhou 12.042 eventos de policiamento. No conjunto dos sete estados, os eventos ligados às polícias representam 55% do monitoramento, mas no Rio de Janeiro, eles chegam a 67%, segundo o levantamento.
Em números absolutos, é São Paulo o estado que apresenta o maior número de ações de policiamento (3.622) e também de denúncias de abuso de agentes, no trabalho feito pelos observatórios. Já o Rio de Janeiro é o estado com maior letalidade nesses eventos, de acordo com a rede.
Se foram somadas todas as mortes registradas nos cinco estados do Nordeste que compõem a rede com o estado de São Paulo, totalizam 281 mortos em 12 meses. No Rio, esse número totalizou 306 mortes. No Nordeste, o Maranhão é quem tem o maior número de ações. A Polícia Civil é a principal força atuando nesses eventos. Nos demais estados, a força predominante é a Polícia Militar, segundo a Rede de Observatórios.
A Bahia segue liderando o ranking na região de letalidade, com 55 mortes provocadas por agentes do Estado. Já o estado que mais mata agentes de segurança no Nordeste é o Ceará, que fica atrás apenas do Rio de Janeiro. A Rede de Observatórios é um projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), com apoio da Fundação Ford.