Redução da cobertura vacinal nos últimos cinco anos é apontado por estudo da CNM
Presidente da CNM ressaltou que esse problema já era visto antes mesmo da pandemia, mas o calendário nacional também foi afetado pelo coronavírus
Foto: José Cruz/ Agência Brasil
O Brasil se tornou uma referência mundial por disponibilizar 18 imunizantes a crianças, adolescentes e idosos, gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, o Mapeamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta a redução da cobertura vacinal nos últimos cinco anos, e a dificuldade de vacinar crianças contra Covid-19. A meta de imunização nacional está abaixo de 70% em quase todos os índices.
De acordo com o estudo da CNM, nenhuma imunização do calendário nacional atingiu cobertura de 80%. O Norte e o Nordeste apresentam os menores índices de pessoas imunizadas. A vacina de Influenza/gripe foi a única que esteve acima dos 70% de cobertura em todas as regiões, mas a meta é de 90%. Outro exemplo apresentado pelo estudo da CNM é o da imunização contra tuberculose - vacina BCG - que o patamar deveria ser de 95% e está em torno de 64%.
As crianças de até quatro anos devem ser imunizadas contra Poliomielite. A meta de 95% está abaixo de 50%. Dos casos alarmantes, a aplicação da primeira dose da Tríplice Viral, que deveria estar no patamar de 95%, está em 55,13%. Quando se trata da segunda dose, o ideal de 95% não chega a 48%. Recomendada para crianças de até 30 dias, a meta de aplicação da vacina contra Hepatite B é de 95%, mas está em torno de 58%.
De 2017 para 2018, após aumento da cobertura, a procura pelas vacinas obrigatórias entrou em declínio em todas as regiões, e registrou os menores valores da década, deixando o país suscetível a doenças já erradicadas e novos surtos de febre amarela, poliomielite, sarampo, caxumba e até rubéola. Isso representa um retrocesso na política sanitária nacional, ao colocar o Brasil em um cenário similar ao da década de 1980, e indica, ainda, que a pandemia de Covid-19 distanciou a população dos postos de saúde.
As vacinas devem ser disponibilizadas nas unidades de atenção básica e nos serviços de sala de vacina organizados, com pessoal capacitado para reconhecer os insumos, aplicar corretamente e registrar em sistemas próprios para notificação ao Ministério da Saúde. Também podem ser impulsionadas por campanhas, bloqueios, mutirões, trabalhos extramuros, ações de educação em saúde.
Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, ressaltou que esse problema já era visto antes mesmo da pandemia, mas o calendário nacional também foi afetado pelo coronavírus.