Redução na previsão de vacinas pode sinalizar aumento de casos e mortes nas próximas semanas
Ministério da Saúde encontra obstáculos para dar seguimento às entregas dos imunizantes
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O patamar elevado de novos casos diários de Covid-19 no Brasil já sinaliza o aumento do número de mortes nas próximas semanas. Isso pode ocorrer ao mesmo tempo em que o Ministério da Saúde encontra obstáculos para dar seguimento às previsões de entregas da vacina, que reduziu em março e abril.
Em março, o pior mês da pandemia no país até o momento, o Ministério da Saúde, ainda sob a gestão de Eduardo Pazuello, havia prometido a entrega de 46 milhões de doses da vacina, mas apenas 20,3 milhões foram distribuídos entre estados e municípios.
Para abril, a promessa inicial era de entregar 47,3 milhões, mas número já foi revisto e agora devem ser apenas 25,5 milhões, segundo o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Ou seja, serão distribuídos 54% da previsão.
De acordo com o médico e professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Eliseu Waldman, em entrevista ao Portal R7, essa situação só mostra que a doença está avançando mais que a vacinação em todo o país.
"A vacinação faz parte de um conjunto de medidas. [...] Se tivesse uma vacinação mais célere, diminuiria pelo menos a mortalidade nas faixas etárias mais elevadas", explica.
"De uma maneira geral, o Brasil está com problema de insumos para a indústria, não só a indústria farmacêutica. A informação dada à imprensa é que muitas empresas de transporte de cargas estão se recusando a fazer voos para o Brasil. Isso explica em parte essas sucessivas diminuições da preparação das vacinas pelo Butantan e pela Fiocruz. Provavelmente, um dos pontos mais importantes que abrange a questão das vacinas é regularizar o suprimento de insumos. Ou seja, se não tem companhias estrangeiras que não querem vir, temos que pegar as companhias nacionais e mandar buscar", acrescenta Waldman.