Relator do Conselho de Ética pede suspensão do mandado de Daniel Silveira por seis meses
Deputado do PSL responde a processo por falta de decoro parlamentar
Foto: Câmara dos Deputados
O deputado Fernando Rodolfo (PL-PE), relator da representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), pediu nesta quarta-feira (9), a suspensão do mandato de Daniel Silveira, que responde a processo por quebra de decoro parlamentar no episódio do vídeo publicado pelo parlamentar com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e de apologia ao Ato Institucional (AI-5), por seis meses. A pedido do relator, o presidente do colegiado, Paulo Azi (DEM-BA), concedeu um pedido de vista coletiva por 48 horas.
O relator disse, em parecer, que o princípio da imunidade parlamentar não possui caráter absoluto. Segundo o deputado, a imunidade parlamentar não deve ser utilizada em benefício próprio ou para “causar dano a outrem, mas, sim, em proveito da população”.
“A imunidade material não autoriza o parlamentar a proferir palavras a respeito de qualquer coisa e de qualquer um, tampouco a prática atos em dissonância com a dignidade deste parlamento. As prerrogativas conferidas pela Constituição Federal aos congressistas não podem ser utilizadas em benefício próprio", disse.
O processo contra Daniel Silveira tem por base sete representações diferentes de autoria dos partidos PSOL, PT, PDT, PCdoB, PSB, Rede e Podemos, juntados em uma única representação.
Prisão
As ameaças feitas por Daniel Silveira, em vídeo, motivaram a prisão dele em flagrante, no dia 16 de fevereiro, por determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Logo depois, entretanto, o ministro determinou que Daniel Silveira cumprisse a prisão em regime domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, e autorizou o deputado a retomar o mandato de deputado, autorizando que participe remotamente, na própria residência, das sessões da Câmara.
Na sequência, a Suprema Corte decidiu, por unanimidade, aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado pela prática de agressões verbais e ameaças a ministros da Corte. O parlamentar passou à condição de réu e responde a um processo criminal.
Durante a instrução do processo, Daniel Silveira se defendeu afirmando que as acusações seriam uma “caça às bruxas”. A deputada Fernanda Melchiona (PSOL-RS) manifestou discordância da decisão do relator de aplicar a pena de suspensão do mandato, e anunciou que o partido vai protocolar um voto em separado pedindo que a pena aplicada a Daniel Silveira seja a cassação do mandato.
“O vídeo que ele fez contra o Supremo e os ministros, por si, justifica a cassação de mandato", disse a deputada. "Uma punição mínima acaba sendo um salvo-conduto para esse tipo de gente e Daniel Silveira precisa ser cassado", disse.