Relatório alerta para uso crescente de fentanil no Brasil, mas descarta motivo para pânico
Substância mata cerca de 70 mil pessoas por ano nos EUA
Foto: Reprodução/Pixabay
Um artigo feito pelo pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz, Francisco Inácio Bastos, e pela professora do Centro de Epidemiologia e Política de Opioides da NYU Grossman School of Medicine, Noa Krawczyk, aborda o uso crescente de fentanil no Brasil.
O levantamento foi publicado na revista The Lancet Regional Health nesta terça-feira (9), quando é celebrado o Dia Nacional de Conscientização sobre o Fentanil nos Estados Unidos. No país, estima-se que cerca de 70 mil pessoas morram anualmente por uso indevido da droga, o que vem despertando a atenção das autoridades das áreas de Saúde e de Segurança Pública, uma vez que o produto causa rápida dependência química.
A primeira apreensão de fentanil ilícito no Brasil, ocorrida em março, acendeu o alerta sobre as estratégias de controle e prevenção da circulação e do uso da droga no país. Na publicação, os pesquisadores destacam importantes medidas que as autoridades brasileiras podem adotar para controlar a utilização da substância.
Segundo eles, é fundamental melhorar a vigilância do fentanil médico e de outros opióides, evitando potencial desvio e uso indevido, especialmente em ambientes ambulatoriais. Inácio Bastos ressalta ainda a importância da adoção de protocolos de tratamento e conscientização dos profissionais de saúde que atendem na porta de entrada - emergências - dos setores público e privado.
Os autores ressaltam ainda que, apesar dos alertas e ações necessários, não há motivos para pânico. "Até agora, a ameaça emergente de uma potencial crise de saúde pública impulsionada pela disseminação do fentanil foi basicamente tratada por uma mídia proativa, poucos grupos de pesquisa e as respostas imediatas da Anvisa. Um compromisso da sociedade civil, da comunidade científica e do governo em todos os níveis é extremamente necessário", afirmam Inácio Bastos e Noa Krawczyk.