Relatório complementar do inquérito da PF sobre suposto golpe de Estado só será finalizado após denúncia da PGR, aponta colunista
Previsão é de que PGR envie posicionamento até às vésperas do Carnaval
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Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
O relatório complementar do inquérito da suposta tentativa de golpe de Estado, realizado pela Polícia Federal (PF), só deve ser entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR) após o oferecimento da denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, a previsão é de que o oferecimento ocorra entre a próxima semana e vésperas do Carnaval – que neste ano inicia no dia 28.
Em novembro do ano passado, a PGR recebeu, oficialmente, o relatório final da PF que indiciava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado.
Segundo interlocutores, a ideia é que Bolsonaro seja julgado até o fim de 2025. A denúncia da PGR deve acontecer de maneira fatiada e com atuação de juízes auxiliares para agilizar oitivas, feito visto no caso do Mensalão.
O relatório complementar adiciona alguns nomes à lista de suspeitos de terem participado das articulações golpistas, mas são considerados personagens secundários.
Para Lauro Jardim, um delegado disse que o complemento do inquérito da PF “não tem impacto na denúncia”, que será feita a partir do relatório final de quase 900 páginas, já entregue.
Caso existam detalhes que incrementem a decisão, a PGR pode acrescentar as novas informações em um aditamento enviado ao Supremo.
Veja a lista dos 37 indiciados pela PF:
• Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército acusado de intermediar inserção de dados ilegal em cartões de vacinação contra Covid-19;
• Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército e um dos autores do documento de teor golpista "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro";
• Alexandre Ramagem, deputado federal, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da Polícia Federal;
• Almir Garnier Santos, almirante da reserva e ex-comandante da Marinha;
• Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
• Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
• Anderson Lima de Moura, coronel do Exército e um dos autores do documento de teor golpista "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro";
• Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;
• Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva do Exército;
• Bernardo Romão Correa Netto, coronel acusado de integrar núcleo responsável por incitar militares a aderirem a uma estratégia de intervenção militar para impedir a posse de Lula;
• Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro contratado pelo PL para questionar vulnerabilidade das urnas eletrônicas durante eleições de 2022;
• Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército suspeito de ter participado da confecção da "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro";
• Cleverson Ney Magalhães, coronel da reserva do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
• Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
• Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército e supostamente envolvido com carta de teor golpista;
• Filipe Garcia Martins, ex-assessor da Presidência da República que participou da reunião que tratou da minuta de golpe;
• Fernando Cerimedo, empresário argentino que fez live questionando a segurança das urnas eletrônicas durante as eleições de 2022;
• Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército e um dos responsáveis pelo monitoramento clandestino de opositores políticos;
• Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia que desmaiou quando a PF bateu à sua porta;
• Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid;
• Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, ex-deputado, ex-vereador do Rio de Janeiro e capitão da reserva do Exército;
• José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco;
• Laercio Vergililo, general da reserva envolvido em suposta trama golpista;
• Marcelo Bormevet, policial federal suspeito de integrar o esquema de espionagem ilegal conhecido como "Abin paralela";
• Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro;
• Mario Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, general da reserva e homem de confiança de Bolsonaro. É suspeito de participar de um grupo que planejou as mortes de Lula, Alckmin e Moraes;
• Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel do Exército (afastado das funções na instituição);
• Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército suspeito de participar de trama golpista;
• Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, empresário e neto do ex-presidente do período ditatorial João Figueiredo;
• Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa, general da reserva e ex-comandante do Exército;
• Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel e integrante do grupo 'kids pretos';
• Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel do Exército;
• Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel que integrava o "núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral";
• Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio";
• Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido pelo qual Jair Bolsonaro e Braga Netto disputaram as eleições de 2022;
• Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, general da reserva do Exército;
• Wladimir Matos Soares, policial federal que atuou na segurança do hotel em que Lula ficou hospedado na transição. Ele é suspeito de participar de grupo que planejou as mortes de Lula, Moraes e Alckmin.
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