Renda dos trabalhadores teve recuo de R$ 34 bilhões entre fevereiro e junho deste ano, diz Ipea

Os ganhos com o trabalho estão em queda e a soma dos rendimentos de todos os trabalhadores tiveram uma redução recorde nos últimos 12 meses, mas foi concentrada durante os primeiros quatro meses da pandemia de Covid-19, entre fevereiro e junho, onde registrou um recuo de 15,4%, segundo o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que pontuou ainda que o percentual correspondeu a R$ 34 bilhões na economia.  

Com menos dinheiro circulando no mercado, há um indicativo de freio no potencial de consumo dos brasileiros, o que pode tornar a recuperação da economia ainda mais lenta do que era estimado. Especialistas esperam que a retomada ocorra primeiro pelo consumo, mas com a renda do trabalhador em declínio, os gastos são reduzidos. 

De acordo com o pesquisador do Ipea, Marcos Hecksher, esse recuo foi causado tanto por corte de salário, em acordos de redução de jornada, quanto pelas demissões naqueles quatro meses. Ele explica também que parte dessa perda dos recursos tem sido compensada pelo auxílio emergencial no valor de R$600.

"A renda do trabalho caiu muito, a renda total (quando se incluem outras fontes de recursos) só não diminuiu por causa do auxílio. Com o fim dele e dos benefícios para manutenção do emprego, não vai ter geração de vagas para todas essas pessoas", disse Hecksher.

O especialista acredita que o desemprego será o maior desafio da retomada econômica no Brasil. Com o fechamento de mais de 11 milhões de vagas de fevereiro a junho, segundo Hecksher, os desempregados também enfrentam a barreira digital, já que parte das empresas estão atuando com a modalidade home office.

Hecksher também propõe que sejam implementadas jornadas de trabalho mais curtas que as 40 horas semanais sem o recolhimento da alíquota do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), para que as ofertas de emprego sejam ampliadas. Assim, permitiria a criação de 4,6 milhões de postos de trabalho.