Resistência a antibióticos pode causar mais de 39 milhões de mortes até 2050, aponta estudo

Um estudo publicado pela revista Lancet, uma das principais publicações científicas do mundo, aponta que mais de 39 milhões de pessoas em todo o mundo podem morrer diretamente devido a infecções resistentes aos antibióticos nos próximos 25 anos.

A publicação, feita na segunda-feira (16), avalia o impacto da resistência aos antibióticos ao longo do tempo, pela primeira vez, e tenta calcular sua evolução. Para a Lancet, é possível evitar a tragédia.

A resistência aos antibióticos é reconhecida como um grande desafio de saúde pública, e é esperado que o problema se agrave nos próximos anos. Esse fenômeno ocorre quando bactérias ou outros patógenos sofrem alterações que os impedem de responder aos tratamentos antimicrobianos.

De 1990 a 2021, mais de um milhão de pessoas em todo o mundo morreram a cada ano devido à resistência aos antibióticos, conforme os autores. Os pesquisadores analisaram 22 patógenos, 84 combinações entre patógenos e tratamentos, 11 síndromes infecciosas em pessoas de todas as idades em 204 países e territórios, com base em dados de 520 milhões de pessoas.

Diante desses números, as mortes de crianças menores de cinco anos diretamente causadas pela resistência aos antibióticos diminuíram em mais de 50% em três décadas, devido à melhoria da prevenção e o controle das infecções em bebês e crianças pequenas. Em contrapartida, as mortes de adultos com 70 anos ou mais aumentaram em mais de 80% nesse período, o aumento se deve ao rápido envelhecimento da população e à maior vulnerabilidade dos idosos às infecções. As mortes ocasionadas pela bactéria Staphylococcus aureus são as que mais aumentaram no mundo.

Dados divulgados pela pesquisa revelam que nas próximas décadas, as mortes provocadas pela resistência aos antibióticos crescerão ainda mais. Com o número de vítimas podendo alcançar 1,9 milhão por ano em todo o mundo até 2050, um aumento de 67% em relação a 2021, segundo as projeções dos pesquisadores.

Segundo os cientistas, ao total, mais de 39 milhões de mortes no mundo são previstas por conta do problema e podem estar associadas a 169 milhões de óbitos entre os anos de 2025 e 2050. Por meio de um melhor tratamento das infecções e acesso a antibióticos, seria possível evitar 92 milhões de mortes no mundo durante esse mesmo período, principalmente no sudeste asiático e na África subsaariana, segundo os autores do estudo.