Resultados do Enem 2023 revelam diferenças entre estudantes de escolas públicas e privadas
Apenas 4 das 60 notas máximas na redação foram alcançadas por alunos da rede pública, representando pouco mais de 6%
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Foto: Agência Brasil
A divulgação dos resultados do Enem 2023 revela as diferenças de acesso e desempenho entre estudantes de escolas públicas e privadas. Apenas 4 das 60 notas máximas na redação foram alcançadas por alunos da rede pública, representando pouco mais de 6%. Além disso, a participação dos estudantes de 3º ano nas provas revela que 49,2% não realizaram o exame, sendo mais expressivo nas escolas públicas, com 53,3% de não participação. As informações são do R7.
A professora Catarina de Almeida Santos, do Comitê pelo Direito à Educação, destaca a necessidade urgente de melhorar as condições de vida dos estudantes da rede pública, a infraestrutura escolar e promover mudanças no Ensino Médio. Segundo ela, o modelo atual prejudica os estudantes que necessitam de uma formação básica de qualidade antes de se aprofundarem em itinerários mais especializados.
O relatório mais recente do Todos Pela Educação destaca desigualdades alarmantes no aprendizado entre estudantes do último ano do ensino básico. Enquanto 74,6% dos alunos da rede privada têm nível de aprendizado adequado em Língua Portuguesa, nas escolas públicas, o índice cai para 31%. Em Matemática, a diferença é ainda mais significativa, com 41,3% para a rede privada e apenas 5,2% para a rede pública.
Ivan Gontijo, Coordenador de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, ressalta que as desigualdades evidenciadas no Enem refletem problemas estruturais no sistema educacional desde a educação infantil. Ele enfatiza a importância de uma agenda forte de equidade educacional, combatendo ativamente a desigualdade ao longo de todo o sistema.
Diante dos resultados, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou uma pesquisa para entender as razões das altas taxas de desistência. Ele destaca a importância de identificar os motivos para a não participação, dialogando com gestores locais para reverter essa situação preocupante. O ministro também destaca que o Enem é uma porta democrática para o ensino superior e que o alinhamento com os gestores locais é essencial para elevar a participação.
Além da pesquisa, o ministro anunciou um incentivo extra para os concluintes do ensino médio, envolvendo uma "poupança estudantil" com depósitos a partir de março. O objetivo é oferecer retorno financeiro aos beneficiários do programa que se inscreverem no Enem, exclusivo para alunos do 3º ano. O presidente do Inep, Manuel Palacios, acredita que uma abordagem de mobilização e convencimento pode ser eficaz para melhorar esses números e promover a educação superior como uma possibilidade ao alcance de todos.