Revista divulga áudio de advogado de Mauro Cid após ele negar declaração sobre joias
Advogado sugere 'confissão' sobre venda de joias recebidas por Bolsonaro; ouça
Foto: Reprodução/CNN | Lula Marques/Agência Brasil
Após o advogado Cezar Bittencourt declarar para o jornal Estadão, que a revista Veja ‘errou’ ao divulgar que Mauro Cid faria uma confissão sobre o caso das joias, o periódico divulgou nesta sexta-feira (18) um áudio sobre a situação. Na gravação, Bittencourt afirma que Cid assumiu que foi pegar as joias à mando do ex-presidente, para vendê-las.
"Por exemplo, ele não nega os fatos. O Cid não nega os fatos. Ele assume que foi pegar as joias. ‘Resolve isso lá’. Ele foi resolver. ‘Vende a joia’. Ele vende a joia. E o Alexandre de Moraes está muito duro, está extremamente duro. Eu vou estar com o Alexandre na segunda-feira – aliás, talvez não segunda porque ele pode não estar aqui. Mas vou conversar com ele sobre o caso", afirma Cézar em áudio divulgado pela revista.
Logo após o advogado confirma que a ordem da venda das joias partiu do ex-presidente, Jair Bolsonaro, e afirma que Cid não ficou com nada, apenas repassou valores. "Parece que foi 17 mil em espécie", afirmou. "O dinheiro era do Bolsonaro, não era dele. O dinheiro era do Bolsonaro", acrescentou.
Veja a transcrição na íntegra da Revista:
Revista Veja: O que ele diz, efetivamente, que seria jornalisticamente interessante para a defesa que a gente sabia?
Cezar Bittencourt: Por exemplo, ele não nega os fatos. O Cid não nega os fatos. Ele assume que foi pegar as joias. 'Resolve isso lá'. Ele foi resolvedor. 'Vende a joia'. Ele vende a joia. E o Alexandre de Moraes está muito duro, está extremamente duro. Eu vou estar com o Alexandre na segunda-feira – aliás, talvez não segunda porque ele pode não estar aqui. Mas vou conversar com ele sobre o caso.
Revista Veja: Quando o senhor fala 'resolve isso', 'vende as joias', é ordem do Bolsonaro?
Cezar Bittencourt: É.
Revista Veja: E ele não ficou com nada da venda das joias, não ficou para ele?
Cezar Bittencourt: Não.
Revista Veja: Mas foi depositado na conta do general.
Cezar Bittencourt: É, mas é para passar para passar integralmente.
Revista Veja: Foi passado?
Cezar Bittencourt: Integralmente. O Cid me mostrou o que ele tinha lá atrás, uns 800 mil que estavam aplicados, ele não deu detalhe. O dinheiro dele fecha. 'Ah, mas ele tem 35 mil dólares'. Tinha uma poupancinha lá.
Revista Veja: Como ele repassou para o Bolsonaro? Foi em espécie?
Cezar Bittencourt: Parece que foi 17 mil em espécie.
Revista Veja: E o resto?
Cezar Bittencourt: Veio uma parte com ele, na conta do pai… O dinheiro era do Bolsonaro, não era dele. O dinheiro era do Bolsonaro.
Revista Veja: Mas quem sugeriu de colocar na conta do general, por exemplo? Foi uma ordem do Bolsonaro?
Cezar Bittencourt: Não… Ele vendeu e tinha que interiorizar. E falou: 'Boto na conta do meu pai'. 'Pai, posso botar?'. 'Não, filho, vai me criar problemas'. 'Mas eu preciso botar'. 'Então bote'. É muito arriscado, como que vai sair com 35 mil dólares no bolso? É arriscado.
Revista Veja: Como missão, né?
Cezar Bittencourt: É. Semana que vem vou falar com o ministro Alexandre de Moraes.
Revista Veja: Acha que isso pode inclusive amenizar as questões que envolvem o Supremo, vai se mostrar uma colaboração?
Cezar Bittencourt: Na verdade, é confissão.
Ouça o áudio divulgado pela revista: