Revogação de visto de Moraes por Trump é apoiada por 47% e reprovada por 42%, aponta Datafolha
Trump aplicou sanções previstas pela Lei Magnitsky.contra Moraes

Foto: Rosinei Coutinho/STF
A revogação do visto americano de Alexandre de Moraes, familiares e de outros ministros do Supremo Tribunal Federal pelo governo Donald Trump é aprovada por 47% dos brasileiros. Outros 42% condenam a iniciativa.
O resultado aferido por pesquisa Datafolha surpreende quando colocado ao lado da motivação da punição imposta por Trump: a determinação de Moraes para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fosse submetido a medidas cautelares visando evitar que deixe o país antes de ser julgado pela trama golpista de 2022.
Na mesma pesquisa do Datafolha, 55% disseram aprovar as restrições, que incluem o uso de tornozeleira eletrônica, obrigação de ficar em casa à noite e aos fins de semana e outros itens. Outros 41% desaprovaram a decisão de Moraes.
Como a margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou menos, é possível dizer que a sanção ao ministro do Supremo divide mais a sociedade. Mas fica o fato de que o maior contingente entre os ouvidos apoia tanto punir Bolsonaro quanto Moraes, na prática.
Trump tomou sua decisão no dia 18 de julho, logo após a operação da Polícia Federal que levou Bolsonaro a colocar o dispositivo eletrônico no tornozelo e apreendeu dólares em sua casa.
Como o americano vinha usando o que chama de caça às bruxas contra o ex-presidente pelo Judiciário como justificativa para o tarifaço, elevando as taxas de importação de produtos brasileiros para 50%, e o filho de Bolsonaro Eduardo está nos EUA tratando de promover a causa do pai, Moraes identificou risco de ele sair do Brasil.
O julgamento da trama golpista está previsto para ocorrer em setembro e, se condenado às penas máximas nos crimes dos quais é acusado, Bolsonaro pode pegar até 43 anos de prisão.
O Datafolha foi a campo ouvir 2.004 pessoas em 130 cidades nos dias 29 e 30 de julho. Assim, quando seu formulário de questões foi elaborado, não estava estabelecida a próxima etapa da campanha de Trump contra Moraes, a inclusão do ministro nas sanções previstas pela Lei Magnitsky.
Isso foi decidido só no dia 30. A lei determina o congelamento de bens nos EUA de estrangeiros acusados de violações dos direitos humanos, terrorismo e corrupção, o que pode levar a um questionamento judicial do uso do diploma legal por Trump contra Moraes.
A escalada adicionou ainda mais tempero institucional no embate entre Trump e o governo Lula (PT), visto pelo presidente americano e por Bolsonaro como um aliado de Moraes.
As consequências da refrega são imprevisíveis na política, ainda que no campo econômico a lista de exceções a setores da economia americana que seriam mais atingidos com o aumento das alíquotas de importação do Brasil tenha sugerido uma abertura de negociação.
O apoio à sanção a Moraes na questão do visto é maior entre os mais ricos (50%, ante 40% no grupo daqueles mais pobres), na classe média mais baixa (58%) e, claro, entre insatisfeitos com o desempenho do Supremo (68%) e eleitores declaradamente bolsonaristas (66%) -apenas 32% dos petistas aprovam a revogação.