Salvador é a primeira capital a testar a vacina brasileira contra Covid-19

A primeira dose da vacina RNA MCTI CIMATEC HDT contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, foi aplicada em um voluntário baiano nesta quinta-feira (13), na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Cimatec), em Salvador. O evento contou com a participação dos ministros Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovações, e João Roma, da Cidadania. Além disso, o presidente da RedeVírus e secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, e o médico infectologista Roberto Badaró também marcaram presença. 

A iniciativa é uma das etapas do estudo clínico de Fase I do imunizante, com a participação de seres humanos. Nesta fase, serão avaliadas, sobretudo, a segurança e a eficácia do imunizante (saiba mais sobre a vacina aqui). Em pronunciamento durante o evento, o ministro Marcos Pontes afirmou que a vacina brasileira poderá contribuir para a independência do país em relação ao suprimento de doses de vacinas contra o novo coronavírus.

“Nos momentos mais difíceis da humanidade, a ciência foi lá para resgatar a humanidade. Estamos vivendo um momento desses e vendo a importância da ciência, de cada pesquisador, de cada laboratório, para que a gente tenha resultados que nos tirem dessa situação de pandemia e que nos ajude a recuperar economicamente o país”, disse Pontes.

O ministro afirmou, ainda, que o imunizante faz parte do grupo vacinas que estão sendo financiadas pelo governo federal para fazerem parte do Plano Nacional de Imunização (PNI). “Todas essas vacinas terão tecnologia nacional. Neste momento, nós temos outros quatro imunizantes aguardando a autorização da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para começar os testes clínicos. O bom disso é que nós já temos os recursos para iniciar os testes. Quanto mais vacinas forem produzidas com tecnologias desenvolvidas no Brasil, melhor. A ideia é que toda essa infraestrutura tecnológica sirva também para outras pandemias e doenças negligenciadas ”, afirmou Marcos Pontes. 

Partindo do mesmo pensamento, o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, também destacou a importância do investimento na ciência nacional. “Os cientistas brasileiros estão dando um passo importante e mostrando que a ciência nacional é capaz de resolver os problemas do Brasil. Foi assim que, durante a crise do Zika, os pesquisadores rapidamente resolveram o problema. Durante o derramamento de óleo nas praias brasileiras, os pesquisadores brasileiros foram recrutados”, afirmou Morales.

Vacina brasileira 

Para Marcos Pontes, é imprescindível que o Brasil tenha soberania e autossuficiência no desenvolvimento de tecnologia e insumos para viabilizar a produção de vacinas. “Imagina que a gente tenha que comprar vacinas o tempo todo de outros países? Quantas pessoas podem morrer se caso não consigamos comprar vacinas de outros lugares? Então, é muito importante a produção nacional. Além disso, com essa iniciativa podemos ajudar os países vizinhos”, afirmou o ministro.

“Por isso, nós estamos investindo nisso. Essa vacina é produzida por um pesquisador americano e outro brasileiro, é uma parceria entre os dois países. Nós temos outras vacinas que contam só com pesquisadores brasileiros, mas é importante que a gente tenha parceria com os outros países. A tecnologia é brasileira”, explicou Pontes. 

O ministro afirmou, ainda, que foram investidos cerca de R$ 30 milhões para a realização dos testes clínicos da fase 1 e 2.  Já para a fase 3, o investimento será de R$ 300 milhões. “Nós temos recursos para isso. Neste momento, nós temos dinheiro para pagar o desenvolvimento desta vacina e de outras que vão seguir também”, concluiu.