Secretaria emite nota de apoio e solidariedade a mulher exposta nacionalmente após relações sexuais com sem-teto
Bancada feminina demonstração preocupação com exposição desrespeitosa da mulher na imprensa e redes sociais
Foto: REPRODUÇÃO
Após sair para uma ação de caridade no dia 09 de março, Sandra Maria manteve relações sexuais com Givaldo Alves, homem em situação de rua, em Planaltina, no DF. Câmeras registraram ambos entrando no carro da mulher e, posteriormente, o educador físico Eduardo Alves, marido de Sandra, os encontrando e agredindo o sem-teto.
Após repercussão nacional, com vídeos da agressão e exposição detalhada da relação por Givaldo em entrevista, comentários desrespeitosos, 'memes' e músicas tomaram conta da internet, mesmo depois de um laudo médico do Hospital Universitário de Brasília (HUB) ter atestado que Sandra sofre de “transtorno afetivo bipolar em fase maníaca psicótica” e de seu internamento sem previsão de alta.
A Secretaria da Mulher emitiu uma nota de apoio e solidariedade a Sandra Maria e sua família, alegando preocupação com a exposição desrespeitosa nas redes sociais e através da imprensa, que “vulgarizam o papel da mulher, além de intensificarem a cultura machista existente em nossa sociedade”.
Veja a nota na íntegra:
NOTA DE SOLIDARIEDADE
A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados - formada pela Coordenadoria dos Direitos da Mulher e pela Procuradoria da Mulher, torna pública esta NOTA DE SOLIDARIEDADE à Sandra Mara Fernandes e família, moradora do Distrito Federal, que vem sendo alvo de exposição na imprensa e em redes sociais, bem como manifestações desrespeitosas, após conduta sexual que ganhou repercussão nacional. No início de março, Givaldo Alves de Souza, que vive em situação de rua, após ter mantido relações sexuais com Sandra, foi agredido pelo marido dela, Eduardo Alves. Givaldo foi atendido em um hospital, passou por um abrigo onde foi acolhido e, desde, então passou a conceder inúmeras entrevistas sobre a situação, ganhando notoriedade. Sandra teve sua intimidade exposta e encontra-se desde então internada em clínica psicológica, sob intensos cuidados especializados. Inclusive, laudo médico já divulgado mostra que Sandra foi diagnosticada com "transtorno afetivo bipolar em fase maníaca e psicótica".
Em várias entrevistas concedidas à imprensa, Givaldo se manifestou de forma desrespeitosa e ofensiva, ao narrar os fatos ocorridos, o que levou a advogada da família de Sandra, Dra. Auricélia Vieira, a emitir nota repudiando as declarações e atitudes dele. Também o pai de Sandra Mara registrou, no último dia 25 de março, ocorrência policial no 16º DP, em Brasília, contra Givaldo, pelo crime de difamação.
A Secretaria da Mulher, como órgão político e institucional que atua em benefício e defesa da população feminina brasileira, não poderia deixar de se manifestar nesse caso, como tem feito em outros, repudiando quaisquer manifestações que aprofundem as desigualdades, o desrespeito, o preconceito e a violência contra as mulheres. A bancada feminina da Câmara condena todas as formas de violência e agressão, mas alerta, que a repercussão do caso não apenas deixou de abordar o foco na mulher, vitimizada, como a expôs, com a reprodução de cenas obtidas junto às câmeras que filmaram a situação em que ela se envolveu. Preocupa, ainda mais, em se tratando de pessoa em tratamento psicológico, e cuja repercussão das informações na imprensa e redes sociais pode abalar ainda mais seu estado, afetando também toda sua família.
Não se pode deixar de salientar que tais repercussões vulgarizam o papel da mulher, além de intensificarem a cultura machista existente em nossa sociedade - para a qual a própria cobertura da imprensa, muitas vezes, acaba contribuindo: quando um homem tem sua sexualidade exposta, como foi este caso e de outros de traição espetacularizados pela mídia -, a questão sexual ganha outras esferas, podendo alcançar contornos políticos e eleitoreiros, como vem sendo divulgado em relação a Givaldo. Já quando algo no contexto da liberdade sexual acontece com uma mulher, ela é execrada pela sociedade e será criticada se almejar um cargo político.
Alertamos que nada justifica extrapolar a esfera privada da vida dessa mulher e expô-la do jeito que vem acontecendo. É preciso ter mais sororidade, promover um comportamento de não julgar outras mulheres e, principalmente, aprender a respeitá-las. Assim, a Secretaria da Mulher manifesta sua solidariedade à Sandra Mara e familiares, e repudia toda manifestação que vilipendia a reputação e a honra da mulher perante à sociedade. Por fim, a Secretaria da Mulher, por meio da Procuradoria da Mulher, irá acompanhar o caso para acionar os órgãos responsáveis na apuração dos fatos e garantir o cumprimento de ações necessárias à proteção da mulher.
Brasília, 26 de março de 2022.
Secretaria da Mulher – Câmara dos Deputados