Secretário-geral da ONU menciona 'descrença' sobre a atividade climática e sustenta suporte à COP 30: 'Nações Unidas totalmente empenhadas'
Questionado sobre Trump, Guterres alegou 'dinamismo' americano e exaltou 'economia verde'
Foto: Ricardo Stuckert/PR
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou nesta quarta-feira (22) em entrevista que a organização estará "completamente empenhada" em cooperar para assegurar o sucesso da Conferência do Clima (COP 30), que ocorre em novembro em Belém (PA).
Guterres constatou que tem "alguma descrença" no mundo relacionado às ações contra a mudança climática. Porém julgou "fundamental" que as metas de parar com o aquecimento global sejam confirmadas novamente.
"Quero manifestar total apoio ao presidente Lula e ao Brasil na preparação da COP 30. As Nações Unidas estarão completamente empenhadas para ajudar a garantir o sucesso da COP 30, o que é essencial", declarou, na saída de um compromisso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
"Neste momento em que alguma descrença existe em relação à ação climática, é fundamental reafirmarmos o nosso objetivo de garantir que as temperaturas não subam mais que 1,5 °C em relação à época pré-industrial", prosseguiu.
Guterres foi questionado em entrevista sobre a probabilidade de êxito do evento com a aparente falta dos Estados Unidos – uma das maiores economias e um dos principais emissores de gases poluentes do mundo.
Na resposta, Guterres não mencionou o nome de Trump – porém salientou o "dinamismo" da economia americana.
"É bom não esquecer o enorme dinamismo da economia americana. E é bom não esquecer que hoje a ciência está do lado das economias verdes. E as energias renováveis são muito mais baratas do que as produzidas por fósseis", pontou.
Saída dos Estados Unidos 'complica', afirma presidente da COP
O governo brasileiro comunicou nesta terça (21) a escolha do embaixador André Corrêa do Lago para administrar a COP 30. A atual secretária de Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, será CEO e 'número 2' da solenidade.
No primeiro discurso depois de ser anunciado, Corrêa do Lago constatou que o parecer de Trump "complica" o evento no Brasil.
"Claro, os Estados Unidos são um ator essencial. Não só a maior economia, também um dos maiores emissores, Mas também um dos países que têm trazido respostas à mudança do clima com tecnologia. Os EUA têm empresas extraordinárias, e vários estados e cidades americanas estão muito envolvidos nesse debate", afirmou.
"Estamos todos ainda analisando as decisões do presidente Trump. Mas não há a menor dúvida de que terá um impacto significativo na preparação da COP, e na maneira como vamos lidar com o fato de que um país importante está lidando com esse processo", continuou.