'Segue o baile, aguardemos', diz Mourão sobre operação da PF contra Ricardo Salles
Ministro do Meio Ambiente teve sigilos quebrados e 3 endereços foram alvos da PF, que apura exportação ilegal de madeira
Foto: Agência Brasil
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, preferiu não falar muito ao ser perguntado sobre a operação da Polícia Federal (PF), autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "É questão de investigação. Segue o baile. Vamos aguardar a apuração disso aí", afirmou.
Ele disse também nesta quinta-feira (20), que o ministro Alexandre de Moraes “provavelmente” viu “indícios fortes” de irregularidades ao autorizar a operação que investiga a exportação ilegal de madeira para Estados Unidos e Europa. Questionado ainda sobre a possibilidade de exoneração ou afastamento do ministro devido ao desgaste das denúncias ao governo federal, Mourão disse que Salles conversou com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que deve ter considerado as razões do ministro. "Isso é decisão do presidente. O Ministro conversou com o presidente. O presidente deve ter considerado as razões que ele apresentou e aguarda o desenrolar da investigação."
Na última quarta-feira (19), a PF deflagrou ‘Operação Akuanduba’. A investigação mira servidores acusados de facilitar a exportação ilegal de madeira e apura crimes contra a administração pública (corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando) praticados por funcionários do governo e empresários do ramo madeireiro. As apurações foram iniciadas em janeiro deste ano a partir de informações obtidas junto a autoridades estrangeiras que noticiaram desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação.
Questionado a respeito de a denúncia ter partido dos Estados Unidos, o vice-presidente acredita que "governo não faz denúncia dessa maneira". "Na realidade eu não sei qual é a origem efetiva dessa denúncia, se veio via alguma empresa norte-americana ou se veio via governo, acredito que não, governo não faz denúncia dessa maneira. É alguma empresa que tem negócios aqui no Brasil que apresentou algumas denúncias com irregularidades, que deve ser investigado se elas mesmas procedem", disse Mourão.
Em abril, o chefe da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, encaminhou ao STF notícia-crime contra Ricardo Salles, por atrapalhar a investigação de madeireiros envolvidos na operação Handroanthus, que apreendeu 43.700 toras de madeira supostamente ilegal.
Em outras decisões divulgadas na quarta, o ministro Alexandre de Moraes autorizou quebra de sigilos bancário e fiscal de Salles e a reabertura do inquérito sobre a fala do ministro a respeito do "passar a boiada", em eventual flexibilização de normas de proteção ambiental, gravada em vídeo na reunião ministerial de 21 de abril de 2020. Na saída de um evento, em Brasília, Salles considerou desnecessária a operação da Polícia Federal. "Essas medidas são desnecessárias, na medida em que o ministério e todos os funcionários poderiam ter ido, se chamados, à Polícia Federal", afirmou.