Chikungunya pode ser o principal causador de encefalite na Bahia, aponta estudos
O estudo foi realizado em 12 hospitais de três cidades diferentes da Bahia
Foto: Arquivos/ Agência Brasil
Uma pesquisa realizada pela Fiocruz revelou o predomínio do vírus chikungunya como causador da encefalite em pacientes avaliados entre 2020 e 2022, na Bahia. O trabalho teve como uma das coordenadoras Isadora Cristina de Siqueira, pesquisadora da Fiocruz Bahia. O artigo foi publicado no periódico The International Journal of Infectious Diseases (IJID).
A encefalite é uma síndrome neurológica grave, que tem alta mortalidade e é potencialmente incapacitante, podendo ser ocasionada por infecção bacteriana ou viral no cérebro. Seus agentes causadores mais comuns são os herpesvírus e os enterovírus. Porém, os arbovírus, um grupo extremamente diversificado de patógenos, também são agentes críticos associados à doença.
O estudo foi realizado em 12 hospitais de três cidades diferentes da Bahia. Pacientes internados em qualquer um desses hospitais que atendessem aos critérios clínicos para encefalite aguda foram inscritos para investigação, totalizando 43 participantes. A causa da encefalite, na maioria, 27 casos, não foi identificada. Nove casos testaram positivo para o vírus chikungunya; três para o vírus dengue, dois para adenovírus humano, um para o vírus varicela-zóster e um para enterovírus.
Já a maioria dos homens era do sexo masculino e com idade maior ou igual a 60 anos. Os sintomas mais relatados foram febre, dores nas articulações e dor de cabeça. Confusão mental, sonolência, agitação psicomotora e crises epilépticas foram os sintomas neurológicos predominantes observados na admissão dos pacientes.
Os resultados encontrados reforçam evidências anteriores de que a chikungunya representa uma causa significativa de encefalite durante surtos e epidemias, e complementam as informações existentes sobre a epidemiologia da encefalite no Brasil.
A maioria das amostras positivas para chikungunya foi coletada entre março e julho de 2020, coincidindo com um surto significativo desse arbovírus na Bahia. Os pesquisadores reconhecem que a positividade para chikungunya não implica necessariamente em uma relação causal entre infecção pela doença e a encefalite. No entanto, os dois resultados positivos de PCR que confirmam a presença do vírus no líquido cefalorraquidiano e/ou soro fornecem suporte adicional para esta arbovirose como agente causador de encefalite em regiões endêmicas.