Sequelas da Covid-19 podem persistir por longo prazo até em casos leves, diz pesquisa
Infecção pelo novo coronavírus pode deixar efeitos respiratórios, cardiológicos e neurológicos
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Uma pesquisa publicada na última semana no periódico médico Jama Network mostrou que 30% dos participantes ainda relatavam sintomas nove meses após contrair o coronavírus. A maior parte dos indivíduos acompanhados pelo estudo tiveram casos leves da doença.
Os sintomas mais relatados foram fadiga e perda do olfato ou paladar, mas problemas para respirar e confusão mental também foram relatados por alguns.
No Brasil, já há hospitais que oferecem reabilitação especializada para esses pacientes que continuam sentir os efeitos da doença.
Heron Rached, coordenador do Centro de Cardiologia e do Centro de Tratamento Pós-Covid do Grupo Leforte, diz que vê um paralelo entre a gravidade da infecção e as sequelas deixadas.
"Pacientes com infecções mais graves vão apresentar mais sequelas, a relação é proporcional. Mas isso não quer dizer que pacientes com infecções moderadas não apresentem", informou.
Para o coordenador, haverá um aumento de doenças associadas a esses efeitos no futuro. "Vai ser difícil atribuir a sequela à Covid, porque não temos como isolar e dizer que foi o vírus. Mas a prevalência de insuficiências renais, cardíacas, arritmias e infartos vai aumentar como resultado da pandemia", afirmou.
"Isso é o que a gente está vendo no dia a dia: pacientes que tinham lesões estáveis que passaram a instabilizar depois de contrair a Covid", acrescentou.
Karina Tavares, fisioterapeuta do departamento de pacientes graves do Hospital Israelita Albert Einstein, cita ainda outras sequelas que podem ser deixadas pelo vírus.
Além do impacto respiratório, muscular, cardíaco e neurológico, ela lembra da parte psicológica. "Tem a questão do estresse pós-traumático, que pode acontecer com qualquer doença grave, mas que é agravado com a Covid, dá mais medo por ser uma doença nova", disse. "A pandemia também aumenta a ansiedade e transtornos psiquiátricos".
Na experiência dela, a maior parte dos pacientes relata fadiga, que pode tanto estar relacionada à parte respiratória – afetada pela infecção – quanto à parte muscular, já que o paciente fica em repouso e tem menos apetite durante a fase aguda da doença.