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Sexo frágil?: mulheres relatam desafios da rotina e ressaltam força feminina em celebração ao 8 de março

Louise, Ludmila e Adriana dividiram com o Farol da Bahia as dores e delícias de ser mulher

Por Emilly Lima
Ás

Sexo frágil?: mulheres relatam desafios da rotina e ressaltam força feminina em celebração ao 8 de março

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

"Normalmente durmo muito tarde e acordo cedo. Tem dias que tenho encomendas e acabo virando a madrugada trabalhando, pois é o momento mais tranquilo do dia, em que consigo trabalhar". Esse é o relato da confeiteira Louise Guerreiro, de 26 anos, ao comentar sobre parte da sua rotina. Além disso, ela ainda divide o tempo com as duas filhas pequenas, a casa e o marido.

Louise representa outras milhares de mulheres que se desdobram para dar conta de inúmeras tarefas, seja com filhos, casa e/ou o próprio trabalho. Ser mulher não se resume somente a isso, mas é uma grande característica e merece ser louvada porque é um processo difícil e cansativo, conforme relata a empreendedora. "É bem cansativo. De verdade. Às vezes dá vontade de sair correndo e deixar tudo para trás. Mas aí a gente respira e não pira", diz ao rir da situação.

Independente desde os 18 anos, Louise descobriu a primeira gravidez aos 23 anos, quando trabalhava em um colégio. Durante a gestação, decidiu que não queria mais ficar no emprego e pediu que fosse dispensada pela empresa para cuidar da filha. Porém, por sempre ter tido o próprio dinheiro, encontrou no mêsversário da filha Maria Helena, hoje com dois anos, a oportunidade de empreender.

"Um belo dia surgiu a oportunidade de um curso de cake designer e assim eu vi duas oportunidades: uma de fazer os próprios bolos dela [Maria Helena] e outra era a possibilidade de uma renda. Fiz o curso e me apaixonei. Foi definitivamente amor à primeira vista, como se um dom se aflorasse nesse start. Após o curso, comecei a fazer os bolos e divulgar que estava vendendo. Mas quem iria comprar sem nem conhecer? E com isso veio a ideia de vender bolos de pote. Eu fazia 20 bolinhos de pote por dia, botava em uma bolsa térmica, colocava Helena no "canguru" e saia com ela pra vender, oferecendo de porta em porta, de loja em loja, no Centro de Lauro de Freitas", conta como deu início à retomada da sua independência.
 


Louise conseguiu se consolidar na profissão e atualmente obtém a renda através das encomendas das clientes. Mas, com o nascimento da segunda filha, Maria Eduarda, hoje com seis meses, ela decidiu priorizar sua saúde mental e passar mais tempo com as filhas. "Eu estava destruída psicologicamente e fisicamente e não dava a devida atenção para elas, por causa da minha correria e pelo meu cansaço", explica. Mas quem pensa que isso é sinal de fraqueza, está enganado. A confeiteira segue trabalhando com os bolos, porém, com menos demandas que anteriormente. Afinal, segundo ela, "sexo frágil aqui passa longe!".



O Dia da Mulher, celebrado nesta terça-feira (8), para muitas pessoas pode passar despercebido, como um dia qualquer, mas para Louise, é o momento de celebrar e lembrar das lutas diárias, das noites sem dormir, do amor e das conquistas. "Um momento para reflexão também, pois não é apenas no dia da mulher que devemos ser valorizadas. Devemos e queremos ser cuidadas e amadas", diz.

Rede de apoio

Para a empreendedora e estudante de Pedagogia, Ludmila Fock, de 23 anos, que também é mãe de Lázaro, 3, celebrar o Dia da Mulher é lembrar da rede de mulheres que apoiam a sua existência. "Sem essa rede, eu não seria eu. Talvez eu não desse conta de tudo que eu dou. Talvez eu não seria tão boa nas coisas que eu sou. Esse dia representa uma aliança de memórias com as mulheres que me construíram", diz.



Diferente de Louise, Ludmila é mãe solo, apesar de contar com a ajuda do pai de Lazinho - como é carinhosamente chamado por ela -, já que a guarda é compartilhada. Com isso, ela foi questionada sobre se consegue dar conta de ser mulher, mãe, dona de casa, estudante e empreendedora. A resposta foi curta e direta: "não sendo 100% em todas".



"Como eu me divido nessas funções? não sendo 100% em todas. É muito triste e pesado, mas é aquela coisa, consigo dar conta de tudo, mas não faço nada perfeitamente bem. Tem momentos que preciso que alguém fique com o meu filho para eu conseguir estudar ou para fazer hora extra [no trabalho]", exemplificou ao acrescentar que, mesmo não cumprindo tudo 100%, não falha como mãe.

"Minha maior realização como mulher é dar conta da maternidade. Acho que é uma das cargas mais pesadas. Sem a maternidade ainda seria, mas não tem comparação trabalhar, estudar e ser mãe", comenta Fock ao se orgulhar de também de não ter desistido de pequenas conquistas após o nascimento do filho, como tirar a habilitação e continuar na faculdade.

Maternidade e trabalho

A tatuadora Adriana Torrez, de 23 anos, é empreendedora e mãe de Aurora, de sete meses. Ao Farol da Bahia ela revelou que conciliar a maternidade e o trabalho é uma das tarefas mais difíceis como mulher, mas que consegue cumprir porque conta com apoio. Para não ficar distante da filha e nem do estúdio, Aurora acompanha Adriana no estúdio desde os 15 dias de nascida. "Eu nunca sei ao certo a hora que vou parar porque o meu trabalho exige de mim um processo criativo e manual. Nos intervalos que eu tenho, me dedico a minha filha, amamentando e dando atenção para que ela possa se sentir presente comigo", explica.  
 

Para Drica, como é conhecida na internet, inicialmente, é natural que o ser mulher se perca quando você passa a ser mãe, mas que logo é recuperado. "Logo de cara queremos nos dedicar a uma coisa só [maternidade] e deixamos o outro de lado [ser mulher], mas aos poucos vamos conseguimos conciliar esses dois lados e fazer as pazes com nós mesmas, não nos deixando de lado e aí sim se mostrando mãe, mulher, leoa, como dizem por aí", justifica. A tatuadora ainda conta com a ajuda do marido e pai de Aurora, que também é tatuador. 

"Minha maior realização como mulher é ter conquistado tudo que eu sonhei, sempre quis ser mãe, realmente era um sonho, e empreendedora. Mostrar a minha competência em todas as áreas e provar a mim mesma que eu posso lidar com tudo isso. Parece besta para algumas pessoas, mas eu também sempre sonhei em também ser esposa. Digo que hoje eu estou na minha melhor fase. Isso tudo com 23 anos", diz. 

Questionada se já passou por alguma situação no trabalho por ser mulher, Drica garantiu que não, mas que houve desconfiança do público por causa da idade, já ela tinha apenas 20 anos quando iniciou a profissão. "Quando comecei muitas pessoas desconfiavam de mim por não acreditar que uma mulher de 20 anos pudesse tatuar bem por não ter experiência. Hoje em dia me posiciono sobre e tenho um público de mulheres que me procuram justamente por eu ser mulher e quererem apoiar o sexo feminino", afirma.

Para Adriana, o Dia da Mulher é um dia em que todas as mulheres são representadas com igualdade, mas que todos deveriam ver esse direito no dia a dia. "Venho de uma família predominante mulher e sei da força que cada uma tem de vencer obstáculos no dia a dia. Me sinto orgulhosa de ser mulher e poder representar outras mulheres, marcando histórias, fases e evoluções", conclui.   

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