Silva e Luna diz que ficou preocupado com sua biografia após ser demitido por Bolsonaro
Para o ex-presidente da Petrobras, a reputação é um 'bem sagrado'
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ex-presidente da Petrobras, o general da reserva Joaquim Silva e Luna revelou ao jornal O Globo que ficou preocupado e incomodado sobre como sua biografia e reputação ficaria após ter sido demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, a reputação é um "bem sagrado".
"O que afeta a biografia, o que afeta a reputação, são valores sagrados a nós. Eu confesso que fiquei apreensivo com isso. Alguns amigos militares também fizeram contato, alguns de mais alto nível das Forças Armadas, de ex-comandantes de Força. Houve uma compreensão, com expressões do tipo “está saindo melhor que entrou”. Eu tinha essa preocupação. Leva-se muitos anos para construir uma biografia e depois ver rasgada de forma que não é responsável é ruim. Isso foi a única coisa que me incomodou, porque considero isso um bem sagrado meu", desabafou.
Ao ser questionado sobre como avaliava a demissão, Silva e Luna respondeu que coloca todos os pontos em um contexto político e que a pessoa responsável pelo governo federal vai sempre optar pela oportunidade de continuar com o mandato.
"Tivemos três conflitos (no setor de petróleo). O primeiro gerado pela Covid, que reprimiu a demanda por um período e depois voltou muito rápido, encarecendo tudo. Depois, no caso do Brasil, tivemos a crise hídrica. A Petrobras saiu de 40 navios para 120 navios (de gás natural). Isso encareceu o preço de tudo. E quando a gente imaginava que as coisas iam começar a se estabelecer veio a crise no Leste Europeu, com impacto violento", explicou os motivos que levaram a sua saída.
O ex-presidente da Petrobras também defendeu que a privatização é uma solução para conter as interferências políticas. "Eu diria que ela ganharia muito em valor. Todas as análises da Petrobras mostram que 80% dos indicadores são confiáveis, por governança, etc. E em torno de 20% é neutro. E nessa neutralidade inclui o risco de intervenção política na empresa. Então se ela for privatizada esse risco acaba. E segundo tira-se esse fardo do governo de ser responsável por aumentos de preço, como o pessoal pensa que é. Então eu acho que é um caminho", disse.