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Sisu 2021: Em entrevista ao Farol da Bahia, especialista em Enem explica mudanças no cálculo das notas de corte

MEC anuncia que o cálculo será feito pelo modelo vigente até 2019

Por Ane Catarine Lima
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Sisu 2021: Em entrevista ao Farol da Bahia, especialista em Enem explica mudanças no cálculo das notas de corte

Foto: Secretaria de Educação do DF

Em entrevista ao Farol da Bahia, o especialista em Enem, Mateus Prado, explicou as mudanças na geração de nota dos cursos ofertados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). No último domingo (11), o Ministério da Educação (MEC) anunciou que neste ano voltará a calcular as notas de corte como fazia antes de 2020. Agora, a  nota do candidato parcialmente classificado no curso de sua primeira opção de inscrição não será mais computada para efeito do cálculo da nota de corte do curso de sua segunda opção.

"Diante de apelos contrários à forma de divulgação da nota de corte, adotada a partir de 2020, a atual gestão do MEC determinou que a nota de corte volte a ser divulgada como era antes daquela alteração no seu formato", afirmou o MEC por meio de nota.

De acordo com o especialista no assunto, em 2020, o processo de seleção do Sisu deixou de tirar da simulação os candidatos que estavam passando nos cursos de primeira opção, deixando esses mesmos candidatos aprovados na simulação para a segunda opção de curso. “Isso causava uma falsa impressão de aumento das notas de corte”, disse.

“Vamos imaginar a federal da Bahia, por exemplo, tem o curso de direito em dois turnos e na simulação aparece como dois cursos diferentes. Então, um monte de gente que estava passando no curso da manhã também estava passando no da noite. Outro exemplo,  uma pessoa que tinha nota muito alta para federal da Bahia em medicina. Essa pessoa além de passar na Ufba, colocava a nota para disputar o mesmo curso em outras universidades. Nesse caso, para simulação, essa pessoa estava passando em dois lugares e, dessa forma, as notas de corte inflavam”, explicou o especialista.

“Eram 210 mil vagas, por exemplo, e não tinha 150 mil pessoas passando. Se tivesse 4.200 vagas em medicina, não tinham 1.500 passando. Todas as outras pessoas que não estavam nessa dinâmica de passar em alguma opção, não tinham noção da nota de corte verdadeira. Então, alguém que ia passar no seu estado acabava tendo que ir para outro estado. O candidato que ia passar em alguma das opções, ficava com a impressão de que não passaria. Muitas pessoas desistiram do seu curso de origem e foram para outra carreira, mesmo tendo nota para passar”, completou.

Segundo ele, esse modelo de calcular as notas fez com que muitas pessoas que disputavam uma vaga em cursos que têm menor nota de corte, como os de licenciatura, deixassem de concorrer porque o ponto de corte chegou a está inflado em 40 a 50 pontos. “Em medicina a média deve está inflada em 15 pontos, mas com as mudanças haverá uma redução. Após várias ações, o MEC acabou cedendo e voltou ao modelo do Sisu como era até 2019”, disse.

Agora, segundo ele, o Sisu vai considerar apenas uma das opções de curso que o candidato passar. “Se o candidato passar na primeira opção, ele vai saber se passaria na segunda porque ele vai ver a nota, mas o Sisu não vai considerar essa opção na fila. Então, ele tira da fila a segunda opção e considera apenas a que o candidato passou. Se o estudante não está passando em nenhuma das opções, o Sisu não vai retirá-lo da fila. Mas se ele estiver passando em alguma das opções ele considera apenas essa. O mesmo ocorre se o candidato passar na segunda opção, nesse caso ele será retirado da fila da primeira”, disse.

“Esse modelo melhora muito para o aluno. Essa mudança foi uma conquista dos estudantes. A simulação real era um direito do aluno desde que o Sisu começou, em 2010. Tenho que agradecer, ‘de certa forma’, ao MEC que não apostou no confronto e acabou voltando atrás e agora os estudantes vão ter uma visão melhor do que serão as verdadeiras notas de corte. Todos vão ver que as notas de corte vão reduzir bastante”, concluiu. 

Inscrição

As notas de corte, considerado o modelo de cálculo antigo, foram divulgadas na madrugada desta quarta-feira (14). As inscrições poderão ser feitas até as 23h59, no horário de Brasília, de hoje. 

O Sisu seleciona estudantes para vagas em instituições públicas de ensino superior com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Podem se inscrever aqueles que fizeram o Enem 2020, aplicado este ano. São ofertadas, nesta edição, 206.609 mil vagas em 5.571 cursos de graduação, distribuídos em 109 instituições em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal. Na hora da inscrição, os candidatos podem escolher até duas opções de curso. Uma vez por dia, é calculada a nota de corte com base nas inscrições feitas até aquele momento e o candidato é informado da sua classificação parcial. Até o final do período de inscrição, os candidatos podem mudar as opções de curso.

Corte

A nota de corte é a menor nota para o candidato ficar entre os potencialmente selecionados para cada curso, com base no número de vagas disponíveis e no total dos candidatos inscritos naquele curso, de acordo com o desempenho obtido no Enem. As notas de corte são diferentes para cada modalidade de concorrência, ou seja, tanto para quem se inscreve nas vagas de ampla concorrência, ações afirmativas e cotas, bem como suas subdivisões, conforme as opções elencadas no ato da inscrição ao Sisu.

"A nota de corte é apenas uma referência para auxiliar o candidato no monitoramento de sua inscrição, não é garantia de seleção para a vaga ofertada. O sistema não faz o cálculo em tempo real", alerta o MEC.
 

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