"STF está fazendo política e não justiça", afirma deputado Zucco sobre decisão contra Bolsonaro
Líder da oposição na Câmara, Zucco afirmou que "uma página muito negativa" foi escrita no cenário jurídico nacional hoje

Foto: Farol da Bahia
BRASÍLIA - O deputado federal Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, avaliou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de golpe de Estado. O parlamentar definiu a resolução como uma "decisão política" e um "verdadeiro jogo de sete erros".
Zucco iniciou a declaração numerando todos os "erros" cometidos durante o julgamento do STF. "Julgamento no STF sem o foro adequado. Ministros com conflito de interesse que não se declararam impedidos. Delação premiada de Mauro Cid sob pressão. Desrespeito ao devido processo legal, inclusive, tivemos exemplo, o ministro Alexandre de Moraes apresentou um vídeo que não cedeu o mesmo vídeo para a defesa, isso nunca visto na história... Prerrogativa dos advogados desrespeitados, estão no mesmo sentido, foi entregue 47 mil peças, no momento histórico em relação à brevidade deste processo, 14 vezes mais rápido que o mensalão. Sexto erro, falta de acesso aos autos do processo, não foi entregue os autos do processo em sua plenitude. E sétimo e muito gravoso, penas altíssimas e desproporcionais", listou.
"Não pode ter um estuprador condenado a oito anos, um homicida com pena inicial de seis anos, a Elize Matsunaga, que esquartejou o esposo, pegando penas menores do que pessoas que estavam lá no dia oito", pontuou.
O parlamentar chegou a declarar que estamos diante de "um quadro muito negativo para o Judiciário" brasileiro. "Hoje, 12% dos brasileiros têm a credibilidade no STF, isso demonstra o que está acontecendo", disse.
Além disso, Zucco citou a existência de um "sistema" que busca prejudicar o ex-presidente. "A gente sabe que o sistema existe, não é só fruto de um filme, e esse sistema sabe que o presidente Bolsonaro é muito forte, é popular, lota multidões aonde vai e está à frente nas pesquisas, simples assim".
O deputado afirmou que o objetivo da oposição, a partir de agora, é avançar com a chamada PL da Anistia. "Já estamos conversando com os líderes de vários partidos, inclusive, com o presidente da casa [Hugo Motta], vamos esperar o seu retorno da viagem oficial, pretendemos já acolher essa assinatura para um regime de urgência, para quem sabe aí na primeira quinzena ainda de abril a gente poder trazer a plenário", revelou.
Ao comentar sobre a pausa nas atividades da Câmara nesta quarta-feira, Zucco definiu o dia de hoje como um dia "para ser histórico negativamente". O parlamentar também mencionou o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL). Segundo ele, o filho do ex-presidente está "fazendo um papel legítimo como parlamentar, denunciando os abusos que estão acontecendo ao mundo".
Questionado sobre o ex-presidente Bolsonaro, que, mesmo estando inelegível, afirma que concorrerá às eleições de 2026 pelo PL, Zucco confirmou as declarações. "A gente entende que ele pode concorrer até mesmo estando inelegível. Eu não tenho dúvida que ainda há muito tempo para a gente conseguir reverter esse quadro", confirmou.
Segundo ele, os motivos que tornaram Bolsonaro inelegível são "frágeis". "Isso ficou evidenciado na defesa por parte dos advogados e eu não tenho dúvida, como eu disse anteriormente, que muito vai se tornar tona, o mundo está atento ao que está acontecendo aqui".
Zucco finalizou afirmando que "uma página muito negativa" foi escrita no cenário jurídico nacional no dia de hoje.