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STF julga ação contra uso da tese da "legítima defesa da honra" em casos de feminicídio

Órgão analisa a inconstitucionalidade da aplicação da tese que viola direitos fundamentais das mulheres

Por Da Redação
Ás

STF julga ação contra uso da tese da "legítima defesa da honra" em casos de feminicídio

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início nesta quinta-feira (29) ao julgamento de uma ação que questiona o uso da tese da "legítima defesa da honra" nos casos de feminicídio no tribunal do júri.

A Corte já havia suspendido o uso dessa tese em 2021, em um julgamento virtual, e agora está votando o tema em caráter definitivo.

Naquela ocasião, os ministros consideraram que a aplicação da "legítima defesa da honra" é inconstitucional, pois viola princípios fundamentais como a proteção à vida, a dignidade da pessoa humana e a igualdade.

A legislação estabelece que a legítima defesa ocorre quando alguém, de maneira moderada e necessária, repele uma agressão injusta, atual ou iminente, em defesa de seus próprios direitos ou dos direitos de terceiros. Ou seja, a lei trata da legítima defesa da vida.

Entretanto, o argumento jurídico da legítima defesa da honra tem sido utilizado nos tribunais, especialmente em relação à honra masculina, remontando à época do Brasil colônia, quando a lei concedia aos homens o direito de matar a esposa flagrada em adultério. Essa tese foi excluída da atual Constituição.

A ação foi apresentada pelo PDT em janeiro de 2021, argumentando que as absolvições de réus baseadas na tese da "legítima defesa da honra" são incompatíveis com a Constituição, sendo descritas como "nefastas, horrendas e anacrônicas".

No julgamento virtual, o relator, ministro Dias Toffoli, afirmou que a legítima defesa da honra é uma ferramenta "cruel" que viola direitos previstos na Constituição.

"Além de ser um argumento desprovido de técnica jurídica, a legítima defesa da honra é um estratagema cruel, que subverte a dignidade da pessoa humana e os direitos à igualdade e à vida. Ela é totalmente discriminatória contra a mulher, contribuindo para a perpetuação da violência doméstica e do feminicídio em nosso país", declarou Toffoli.

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