STF liberta chefe de tráfico que pode declarar guerra de facção no RJ
Condenado a 27 anos de cadeia, Rabicó cumpriu apenas 11 anos e oito meses
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Um dos maiores chefes de facção, Antônio Hilário Ferreira, o Rabicó ou Coroa, condenado a 27 anos e três meses de prisão, teve a liberdade concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) há uma semana, mas o caso deixa as autoridades do Rio Janeiro em alerta porque a soltura do chefe do tráfico pode representar o início de uma guerra de facção no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, onde o ex-presidiário ainda chefiaria o tráfico de drogas.
Rabicó estava preso há 11 anos e oito meses. Ele tem condenação em três processos criminais por tráfico de drogas e associação para o tráfico. A sentença é considerada definitiva, porém a defesa de Rabicó ainda está recorrendo na Justiça para tentar diminuir as penas ou absolvê-lo.
Um dos casos da guerra de facção se deu no mês de abril, quando Thomas Jayson Vieira Gomes, o 3N, então gerente-geral do Salgueiro, desafiou a autoridade de Rabicó. O chefe, na prisão, determinou que outro comparsa, Antonácio do Rosário, o Schumaker, executasse 3N. Ao saber do plano, 3N se antecipou, matou Schumaker e mudou para outra facção.
O Coroa queira vingar a morte de Schumaker matando o antigo braço-direito. Na nova quadrilha, 3N vem tentando, com frequência, dominar o Salgueiro.
A liminar do ministro do STF, Marco Aurélio Mello, concedida em 30 de outubro, determina que o Coroa aguarde em liberdade o julgamento do recurso do último processo que o mantinha atrás das grades.
Em um primeiro momento, ao ser solto, Rabicó não quis retornar ao Rio. O juiz corregedor da penitenciária federal de Campo Grande, Dalton Igor Kita Conrado, disse que se fosse de interesse do preso o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) providenciaria seu retorno ao Rio, mas Rabicó dispensou a ajuda. O chefe do tráfico do Salgueiro, no entanto, terá que retornar, já que deve se apresentar periodicamente à Justiça.
Rabicó foi transferido para o presídio federal em 2015, após a Polícia Federal encontrar uma fortuna no Morro da Mangueira e no Salgueiro: R$ 5 milhões. A maior parte do dinheiro estava na primeira comunidade. Na época, a PF afirmou que o dinheiro pertencia a Rabicó e o acusou de continuar a comandar o tráfico no Salgueiro mesmo preso no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.