'Suprema humilhação': Bolsonaro volta a negar tentativa de golpe e diz que nunca pensou em sair do Brasil, em pronunciamento após colocar tornozeleira eletrônica
Ex-presidente foi alvo de mandados cumpridos pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (18)
Foto: Reprodução
Após colocar tornozeleira eletrônica por ordem judicial nesta sexta-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a negar participação em uma tentativa de golpe de Estado e afirmou que nunca cogitou deixar o país.
Diante da sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, o ex-presidente disse ainda que a investigação que o levou a ser alvo de uma nova operação teria motivações políticas.
O Farol da Bahia listou os principais trechos da fala à imprensa. Veja:
Suprema humilhação
"O inquérito do golpe é um inquérito político. Nada de concreto existe ali (...) A suspeita [de fuga] é um exagero, poxa, eu sou um ex-presidente da República, tenho 70 anos de idade. Suprema humilhação. É a quarta busca e apreensão em cima de mim (...) Você viu a minuta golpista? Não viu, porque não tem. O que foi falado foi em Estado de Sítio (...) Eu estou me sentindo humilhado. Eu não posso falar com meu filho Eduardo, isso é humilhação".
Saída do Brasil
"Nunca pensei em sair do Brasil, nunca pensei em ir para embaixada, mas as cautelares são em função disso. Eu não posso me aproximar de embaixada, tenho horário para fcar na rua e no meu entender é um objetivo à suprema humilhação (...) Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem. Não conversei com ninguém. Nada me coloca em um plano golpista que não existiu".
"Tem mais ou menos uns 14 mil dólares. Poxa, sempre guardei dólar em casa, todo dólar pego (SIC) lá tem recibo do Banco do Brasil. O dólar em casa está com recibo que eu tirei com 20 anos, declarar ano que vem".
Tarifaço
"Olha a soberania econômica como está. Cada vez mais se afastando de países de primeiro mundo (...) Em 2019 o Trump era presidente e queria impor uma tarifa no aço e aklumínio, eu resolvi, não foi tarifado. O mundo todo está com tarifas, só o Brasil não está negociando (...) A tarifa foi do presidente dos Estados Unidos. Em 2019 não teve tarifa no aço e nem no alumínio porque eu conversava com o presidente Trump (...) Desde de quando eu saí do governo só eu na mídia. Dá o Lula quando fala besteira. A primeira carta dele [Trump] ele fala na questão de liberdade de expressão, fala meu nome, fala da mesma forma como na parte comercial o Brasil tem tartado os Estados Unidos. Pergunta a ele porque ele citou caça às bruxas. Não foi Eduardo que taxou ninguém (...) Se ele [Eduardo] vier para cá vai ter problemas. Você acha que o parlamento americano ia fazer algo contra a democracia brasileira? Pelo amor de Deus não é o parlamento da Venezuela, nem do Irã".
Perseguição
"Eu não tenho menor dúvida de perseguição. Gente, que provas tem contra mim? São só suposições. Quando se fala em criminal, tem que ter algo concreto. Eu não me reuni com marginal no Morro do Alemão, o Lula fez. Eu conversei com muita gente em novembro e dezembro, quando o governo continuava".
Operação
Além do uso da tornozeleira, o ex-presidente também terá que permanecer em casa entre 19h e 7 da manhã, e está proibido de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros (não podendo se aproximar de embaixadas), nem com outros réus e investigados pelo Supremo, como os próprios filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro.
As ordens judiciais fazem parte de uma nova operação da PF, aberta no mês de julho, dois dias depois do anúncio do tarifaço dos Estados Unidos, e corre sob sigilo no Supremo. Em manifestação pública, a defesa afirmou que recebeu a decisão com "surpresa e indignação", a decisão das medidas cautelares "severas".
Bolsonaro está no centro da crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos. Ao anunciar tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, o presidente norte-americano utilizou entre as justificativas o que chamou de "caça às bruxas" contra o ex-presidente, que é réu no Supremo. Na quinta-feira (17), Trump publicou uma carta enderaçada a Bolsonaro na qual voltou a criticar a Justiça brasileira e exigiu o encerramento do processo de maneira imediata.
Além disso, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), filho de Jair Bolsonaro, é investigado por buscar interferência do governo Trump nos processos que envolvem o pai e aliados. Eduardo, que está nos EUA desde o mês de maio, comemorou publicamente as tarifas e disse que um acordo só acontecerá com "anistia ampla, geral e irrestrita".
Veja a nota da defesa do ex-presidente na íntegra:
"A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário.
A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial".
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