Supremo nega extradição de turco acusado de fazer oposição ao governo Erdogan
Empresário Yakup Sagar pertence ao Hizmet, organização ligada a um clérigo muçulmano
Foto: Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal negou, nesta terça-feira (5), um pedido do governo da Turquia para que fosse extraditado o empresário Yakup Sagar, opositor ao presidente Recep Tayyip Erdogan.
Ao Supremo, o governo turco afirmou que Yakup Sagar responde por "tentativa de destruir o Estado da República da Turquia ou de impedir o Estado da República da Turquia de funcionar", "fraude qualificada pelo abuso de convicções religiosas", "ato contra a Lei de Prevenção e Financiamento ao Terrorismo" e de "pertencer à organização criminosa armada”.
Sagar pertence ao Hizmet, organização ligada ao clérigo muçulmano Fethullah Gülen – ex-aliado que se tornou desafeto de Erdogan e hoje é considerado terrorista por seu governo.
Durante o processo, Sagar chegou a ser preso, mas depois teve que entregar o passaporte e usar tornozeleira eletrônica. Relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, considerou que não estavam preenchidos os requisitos necessários para a extradição.
Moraes ainda ressaltou as ações do governo turco contra o poder Judiciário daquele país. “O governo turco deteve membro da Suprema Corte. Mais alta autoridade judicial. Atacou Suprema Corte. Outro juiz perseguido precisou fugir. Ou seja, claramente, ostensivamente o poder judiciário vem sofrendo ataques na autonomia e independência. Foram prisões sumárias”, afirmou.
No julgamento, os ministros derrubaram ainda as medidas cautelares impostas contra Sagar.