Taxa de cobertura vacinal despenca no Brasil, aponta Ieps
Com queda na imunização de doenças, país abre risco de novos surtos

Foto: Reprodução/Governo Federal
De acordo com uma análise inédita do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps), com base nos dados do Ministério da Saúde, até o dia 4 de abril, menos da metade dos municípios brasileiros atingiu a meta do Plano Nacional de Imunizações (PNI) para nove vacinas, entre elas as que protegem contra hepatites, poliomielite, tuberculose e sarampo. As informações são da Folha de S.Paulo.
A maior redução, de 16 pontos percentuais, foi da cobertura da vacina contra hepatite B em crianças de até 30 dias. De 2019 a 2020, caiu de 18,6% para 62,8%. Já as doses da BCG (contra tuberculose) e tríplice viral (contra caxumba, sarampo e rubéola) reduziram 14 e 15 pontos percentuais, nesta ordem.
A queda de cobertura da vacina que protege contra poliomielite foi de 8,3 pontos percentuais —de 84,2% para 75,9%. Em 2015, o país tinha registrado cobertura de 98,3%. Para obter imunidade coletiva, é necessário uma taxa de vacinação de 95%.
Com essa baixa na cobertura vacinal, um dos retrocessos do país foi o retorno do sarampo, que tinha sido erradicado e voltou a circular em 2018. No ano passado, foram registrados surtos em 21 estados brasileiros, sendo o Pará com mais de 60% dos casos.
Com a pandemia da Covid-19, o cenário ficou ainda pior que o de antes. Isto porque, em outra pesquisa, do Ibope Inteligência, revelou que 29% dos pais deixaram de vacinar os filhos e 9% disseram que pretendiam levar as crianças quando a situação sanitária do país melhorasse.
Segundo a análise do Ieps, o Norte e Nordeste foram as regiões que tiveram as piores performances em 2020 e atingiram uma cobertura vacinal de 65% e 70%, o que representa uma queda de 23 e 28 pontos percentuais em relação a 2015, respectivamente.
Ao ser procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde afirmou que vem reforçando as ações e exigido ampliação das coberturas vacinas para reverter possíveis consequências provocadas pela pandemia de Covid-19.