"Tem pontos que não cabem mais serem cantados", diz Ana Mametto sobre demonização de entidades
Escritora da obra 'Pombagira – A Entidade Silenciada', foi entrevistada no último episódio do Podomblé
Foto: Reprodução/ Farol da Bahia
Em entrevista ao Podomblé, a atriz, jornalista e cantora Ana Mametto, foi a grande convidada no episódio desta segunda-feira (21). Durante entrevista, ela comentou sobre a importância da palavra dentro da religião e fora dela em relação às falas de demonização das entidades religiosas e o seu poder.
"Se você começa uma gira, como diz na Umbanda, no Xirê, como diz o Candomblé, tem pontos que não cabem mais serem cantados. Que colocam Exu, Pombas-Giras como demônio. É só a gente parar para prestar atenção no que está sendo dito. Como eu falei, o poder está muito dentro da palavra. Por que eu vou cantar um ponto para evocar a minha entidade, que eu quero que ela esteja do meu lado, que ela receba aquela energia, trazendo ela para um lugar que eu não acredito que ela está", diz Ana Mametto.
Ana Mametto ainda relembrou do próximo trabalho sendo feito com seu livro ‘Pombagira – A Entidade Silenciada’. A obra propõe uma investigação social e religiosa em torno da imagem da entidade, que surgiu no século XX e é cultuada por religiões de matriz africana. Além de estar sendo reconhecido em vários terreiros da capital.
"Vamos ressignificar esses pontos, vamos trazer músicas, canções, que tragam o que mexe, que a gente sabe como a força da música é importante dentro de nossa religião. Eu estou tendo a oportunidade de visitar alguns terreiros, levando o meu livro, levando a palestra, e tenho observado algumas modificações muito significativas que estão acontecendo entre os terreiros", comentou.
"Primeiro que vai cantar no seu terreiro. O que você quer, o dirigente que o pai de santo, que é o pai de santo, tu quer, não é? Não vai ter ponto se não tiver autorização dos sacerdotes da casa. Então tem alguns terreiros que já estão com esse processo de mudança, já estão eliminando alguns pontos, que leva a Exu, Pombas-Giras para lugares que não se acredita mais, que não cabe mais falar", finalizou.