Terremotos podem ser responsáveis pela formação de grandes pepitas de ouro, aponta estudo
Pesquisa da Universidade Monash revela que tremores podem intensificar o acúmulo do metal
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Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália, sugere que grandes pepitas de ouro podem se formar devido à movimentação do solo causada por terremotos. A pesquisa, publicada na última terça-feira (3) na revista Nature Geoscience, explora um mecanismo até então pouco considerado na formação desses grandes aglomerados de ouro.
Tradicionalmente, a explicação para a formação de pepitas de ouro envolve a deposição do metal em rachaduras da crosta terrestre, conforme fluidos ricos em água e minerais passam por essas fendas. À medida que os fluidos esfriam ou sofrem alterações químicas, o ouro se separa e fica preso nos veios de quartzo, onde geralmente é encontrado.
No entanto, Chris Voisey, principal autor do estudo, destacou que essa teoria não explica completamente a formação de grandes pepitas, considerando a baixa concentração de ouro nos fluidos envolvidos. Para investigar essa lacuna, os cientistas testaram o papel da piezoeletricidade — a capacidade do quartzo de converter energia mecânica em eletricidade — na formação dessas pepitas.
Em laboratório, cristais de quartzo imersos em um fluido rico em ouro foram submetidos a condições semelhantes às provocadas por um terremoto. Os resultados mostraram que o quartzo submetido ao estresse depositou ouro eletroquimicamente em sua superfície e formou nanopartículas do metal. Notavelmente, essas partículas tendiam a se agregar em torno de grãos de ouro já existentes, em vez de iniciar novos depósitos.
Segundo Andy Tomkins, coautor do estudo, esses achados indicam que os tremores de terremotos podem ser cruciais para a formação de grandes pepitas de ouro. A eletricidade gerada pela piezoeletricidade do quartzo durante um terremoto intensificaria a deposição de ouro em locais já ricos no metal, levando à formação das grandes pepitas encontradas na natureza.