“Timing técnico é diferente do timing político”, diz presidente do Banco Central sobre juros
Roberto Campos Neto, explicou o motivo pelo qual a taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75%
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, disse que o anseio pela queda de juros é um “elemento político” em um “trabalho puramente técnico”. Durante o Lide Brazil Conference, em Londres, nesta sexta-feira (21), Campos Neto explicou o motivo pelo qual a taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75%.
Campos Neto afirma que o BC aumentou os juros ainda em 2022, ano da eleição. Se isso não tivesse sido feito, de acordo com o presidente da instituição, a inflação estaria “muito descontrolada e com um custo para a sociedade muito maior”.
“A inflação é o imposto mais regressivo que existe, transfere poder de compra do povo para o governo e é um causador de desigualdade. O Brasil sempre teve juros reais mais altos, mas agora são inferiores à média, e precisamos trabalhar para que caiam mais”, declarou.
Campos disse ainda que os juros no Brasil são altos em função da baixíssima recuperação de crédito e dos indicadores de risco. O titular do BC comparou o Brasil com outros países e afirmou que, no caso da Turquia, onde o juros real é negativo, “a moeda desvalorizou mais de 100% e a inflação está em torno de 70%”.
Autonomia
O presidente do BC defendeu a autonomia da instituição contra influência política. Recentemente, o Banco Central foi fortemente pressionado por declarações do presidente Lula (PT) e de outros políticos, como o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Também presente no Lide, Pacheco afirmou, na quinta-feira (20/4), que o Brasil não vai crescer com a taxa básica de juros a 13,75% ao ano.