Tony Garcia acusa Moro de pedir grampos contra autoridades
Em nota, ex-juiz afirma que empresário 'é um criminoso condenado'
Foto: Reprodução/Jefferson Rudy/Agência Senado
Em dezembro de 2004, após a assinatura do acordo de colaboração com o ex-deputado estadual do Paraná, Tony Garcia, o então juiz Sérgio Moro determinou que fossem instaladas escutas no escritório do empresário e que um policial federal atuasse infiltrado no local, como se fosse secretário de Tony.
Conforme relato do ex-deputado ao Supremo Tribunal Federal (STF), essa estratégia possibilitou a interceptação telefônica de autoridades com foro privilegiado, incluindo o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) na época.
Moro forneceu a Tony um aparato detalhado, que alega ter sido usado para coletar informações sobre ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), conselheiros do TCE e desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).
Na decisão, o juiz solicitou:
-A instalação de equipamento de escuta ambiental, preferivelmente áudio e vídeo, com capacidade para gravação por períodos longos, em duas salas e em estabelecimentos distintos.
-A provável utilização, por um período de cerca de seis meses, de agente policial infiltrado como secretário de escritório de prestação de serviços.
Em nota enviada ao portal G1, Moro afirma que Tony Garcia é um criminoso condenado que mente às autoridades. O atual senador afirma: "Tony Garcia é um criminoso condenado. Não existe, nem nunca existiu gravação de magistrado, nem nunca foi solicitado dele gravações de autoridades com foro."
Moro explica que as suspeitas eram principalmente de tráfico de influência, envolvendo terceiros que solicitavam dinheiro a pretexto de entregá-lo a autoridades, embora estas não tenham participado dos ilícitos.
"Uma das pessoas investigadas, aliás, foi condenada exatamente por este crime. Nenhuma autoridade com foro foi investigada. É oportuno lembrar que os depoimentos foram colhidos perante a autoridade judiciária com a presença de representante do Ministério Público e de defesa", acrescenta. O ex-juiz conclui dizendo que "vale ressaltar que esses fatos ocorreram em 2004 e 2005, portanto, há mais de 17 anos".