Trabalho presencial na Câmara e passaporte da vacina
Confira o editorial desta quarta-feira (20)
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
A famigerada ' volta à normalidade' corre em Brasília. Nesta terça-feira, o presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira, postergou mas cravou o retorno presencial dos trabalhos na Casa: 25 deste mês, isto é, na próxima segunda-feira. Por mais que pareça ser um assunto corriqueiro e até mesmo lógico, seja pelo momento da pandemia como pelo avanço da vacinação, ao mesmo tempo é delicado e questionavelmente apressado.
Os trabalhos presenciais estavam suspensos desde o ano passado e passaram a ser híbridos - entre sessões com parlamentares no plenário e on-line. A partir da medida de Lira, a presença física passa a ser obrigatória para votações de mérito, exceto para aqueles que possuem comorbidades.
Acontece que junto ao retorno, entra em cena, de acordo com o anúncio e regras de Lira, o passaporte da vacina, tão criticado por alguns parlamentares, especialmente àqueles alinhados ao presidente Jair Bolsonaro, que deixa evidente, sempre que pode, seu rechaço quanto à tal obrigatoriedade.
Ontem mesmo já teve deputado que foi às redes sociais escancarar a desaprovação, como Bia Kicis. O discurso é o mesmo de sempre do grupo anti-vacina: 'fere' o direito de quem optou por não se vacinar, no entendimento da parlamentar e de quem não foi e não quer ser imunizado contra a Covid-19, 'por não se sentir seguro' com esta imunização'. Se aceitarem a medida, podem desagradar as respectivas bases eleitorais.
No entanto, existe algo mais denso nesta questão, ignorado por Kicis, por exemplo: o retorno presencial das atividades na Câmara significa a volta tanto dos 513 deputados federais quanto de todos profissionais de suas equipes, além de servidores e terceirizados que circulam pelo local. Existe, então, do outro lado da moeda, o direito do indivíduo em ter a segurança de voltar em um ambiente com todos vacinados.