Moda & Beleza

Tranças nagô: Ancestralidade e Beleza

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Tranças nagô: Ancestralidade e Beleza

Foto: Lupita Nyong'o - Harpers Bazzaar

O cabelo carrega um significado forte de afirmação de identidade e expressão artística. Os penteados e adornos na cabeça foram usados por diversas culturas para representar posses, posição social, idade, religião e até mesmo o estado civil das pessoas.  

A história evoluiu até chegarmos ao momento atual, onde o cabelo está intimamente ligado à personalidade e exaltação da beleza individual. Quem nunca se sentiu “mais você mesmo” depois de um corte e pintura de cabelo personalizados? 

As tranças são penteados seculares, presentes em diversos povos. Mas onde a trança ganhou lugar de destaque foi na cultura africana, tendo forte influência no Brasil. O penteado se diferencia muito em estilo e formas de fazer. A nagô ou raiz é aquela que fica embutida no couro cabeludo formando curvas e desenhos variados. Já as tranças soltas, ou box braids, são feitas com jumbo e variam muito no comprimento, com versões que chegam até o quadril e são poder absoluto!  

O termo nagô, no Brasil, diz respeito ao povo iorubá originário do Sudão, e foi difundido para se referir aos seus penteados característicos.  

 

 

Ao longo do processo de colonização e escravidão no país, as tranças nagôs ganham o lugar também de resistência cultural para os povos africanos. Reza a lenda até mesmo que se usava as tranças para desenhar na cabeça mapas com rotas de fuga para quilombos na época da escravidão. Hoje, elas são uma forma de exaltar a beleza e identidade desses povos que tanto influenciaram na nossa cultura, sobretudo na Bahia.  

Na década de 60, nos EUA, as tranças foram, junto do cabelo black power, os símbolos do movimento “Black is Beautiful”, que surgiu como resposta à venda de produtos cosméticos que prometiam embranquecer a pele. Por isso, até hoje, elas são vistas como ícone da elevação da autoestima negra.    

Em Salvador, as tranças nagô são sucesso completo, e não poderia ser diferente, afinal, estamos falando da cidade com maior população negra fora da África. Ao visitar o Pelourinho, turistas e nativos podem ver diversas trançadeiras em pontos históricos como a Praça da Sé e o Terreiro de Jesus. A arte de trançar é dominada pelas mulheres, e essas profissionais são vistas com muita admiração. Uma das mais conhecidas é a Valdemira Telma de Jesus Sacramento, a Negra Jhô, que atende na Ladeira de São Miguel, no Pelourinho.  

Mas quem quiser aderir ao penteado, encontra profissionais espalhadas pela cidade inteira. O Ateliê ‘7 Fios’ (@setefios), por exemplo, trabalha com todos os tipos de tranças e até com dreads e outros penteados afro. A trançadeira por trás do projeto é a Ylá Borges, que atende no bairro do Imbuí, em Salvador.  

Quem estiver buscando atendimento em Cajazeiras, com direito ao luxo de ser trançada em casa, encontra à disposição o ‘Reina Nega Beleza Afro’ (@rnafrohair). A trançadeira Ana Maria trabalha ao lado de sua filha Áurea, que também é rapper, conhecida pelo nome artístico de Semiséria. Já a trançadeira Ane Lim (@anelim._) presta atendimento à domicílio no bairro de Cajazeiras. 

Pelo visto, opção não falta, e graças à essa nova geração de trançadeiras, a arte e a ancestralidade se perpetuam, ganhando ares de modernidade e estilo que só as jovens são capazes de dar. 

 

 

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