Último promotor dos julgamentos de nazistas na Alemanha morre aos 103 anos
Ben Ferencz foi o primeiro promotor a usar o termo “genocídio” em um tribunal

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O último promotor sobrevivente dos julgamentos de nazistas por crimes de guerra em Nuremberg, na Alemanha, Benjamin Ferencz, morreu aos 103 anos na última sexta-feira (7). Ferencz lutou na Europa durante a Segunda Guerra Mundial e ajudou a libertar vários campos de concentração antes de atuar em tribunal.
Com 27 anos, ele foi nomeado promotor-chefe do julgamento dos Einsatzgruppen em Nuremberg, no qual 22 nazistas foram julgados por crimes contra a humanidade.
Esse julgamento foi seu primeiro processo judicial, mas as evidências que Ferencz descobriu perfeitamente registradas e documentadas no quartel-general nazista permitiram que ele encerrasse o caso com sucesso em apenas dois dias.
Em sua declaração de abertura, ele disse: “A vingança não é nosso objetivo. Tampouco buscamos apenas uma retribuição justa. Pedimos a este tribunal que afirme por meio de ação penal internacional o direito do homem de viver em paz e com dignidade, independentemente de sua raça ou credo. O caso que apresentamos é um apelo à humanidade.”
Ferencz também foi o primeiro promotor a usar o termo “genocídio” em um tribunal, introduzindo o termo em sua declaração inicial: “Então, aqui, o assassinato de civis indefesos durante uma guerra pode ser um crime de guerra, mas os mesmos assassinatos são parte de outro crime, mais grave, digamos assim, genocídio ou crime contra a humanidade. Esta é a distinção que fazemos em nossa defesa. É real e muito significativo.”
Em uma entrevista a Christiane Amanpour, da CNN, no ano passado, Ferencz pontuou ter lutado por justiça durante toda a sua vida. “[...] deixar o mundo continuar a usar [a guerra] como um instrumento de persuasão é tão estúpido e tão incrível que simplesmente não consigo parar de fazer isso aos 103 anos”. Ele acrescentou que “não estava desanimado” e “nunca desista, nunca desista, nunca desista”.