Universidades registram crescimento de 205% no ingresso de alunos da rede pública
A pesquisa foi realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Foto: Wikimedia Commons
A pesquisa “Avaliação das políticas de ação afirmativa no ensino superior no Brasil: resultados e desafios futuros”, realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revela um aumento significativo de 205% no número de estudantes provenientes da rede pública matriculados em universidades federais entre os anos de 2013 e 2019.
Desde 2012, as cotas universitárias foram instituídas com o propósito de acabar com a desigualdade social por meio da garantia de 50% das vagas em universidades federais e institutos federais para as minorias. Mesmo que a normativa busque colaborar com a sociedade no geral, a lei passa por alguns desafios e é criticada por especialistas do setor.
Recentemente, um levantamento realizado pelo núcleo de estudos raciais do Insper avaliou que a participação da população menos favorecida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem sido desigual. Realizado com informações adquiridas entre 2010 e 2019, o estudo calculou um aumento na participação dos negros, mas com resultados menores do que os brancos, tanto para estudantes da rede pública quanto da rede privada.
No Sudeste, por exemplo, homens pardos alcançaram média de 532 em 2010, enquanto os pretos, de 524. Em 2019, os pardos mantiveram a média de 532, e a de pretos atingiu 517. Já entre as mulheres, pardas tiveram média de 519 em 2010 e pretas, de 515. No ano de 2019, as médias foram de 517 e 509, respectivamente.
“Como parte integrante das políticas afirmativas de inclusão, é também necessário avançarmos sobre políticas inclusivas de permanência destes estudantes no ensino superior, haja vista que gastos com transporte, alimentação, vestimenta, livros e outros itens afetos à educação superior não são baratos e são condição indispensável para que muitos estudantes consigam chegar até a conclusão dos seus cursos, sem desistir pelo caminho”, disse Rodrigo Bouyer, avaliador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
“As políticas inclusivas, nestes casos, só serão exitosas diante da efetiva conclusão dos estudos destes beneficiados e de sua posterior empregabilidade”, completou.