Urgência em reduzir dependências
Confira o editorial desta quarta-feira (23)

Foto: Arquivo/Agência Brasil
Ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na terça-feira (22), aponta que resiliência da demanda, resultante da forte tendência de retomada da economia, e a demora na normalização da oferta são duas das causas conjugadas das pressões inflacionárias, o que justificaria a nova escalada de aumento da taxa básica de juros.
Ainda ontem, a falta de componentes, como chips, para as montadoras de automóveis, foi apontado por Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), como exemplo desse descompasso entre produção e consumo.
A escassez, ele explica, é resultado do desequilíbrio que a pandemia provocou nos sistemas globais de suprimento, mas serve como alerta sobre os riscos da dependência de insumos, incluindo os destinados à fabricação da vacina contra a Covid-19, e bens de capital, principalmente da Ásia.
A questão tem sido pauta de reuniões entre representantes da indústria de vários países latino-americanos, das quais ele participa e isso escancara a necessidade do país – leia-se governos e indústria – em promover a integração das cadeias regionais de valor, ampliando a capacidade de abastecer nosso parque fabril dentro do próprio continente.
O dirigente também demonstra preocupação com a indicação da Ata do Copom de que a Selic continuará subindo, tendo como previsão mínima, para a reunião de agosto próximo, mais um aumento de 0,75 ponto percentual.
Os juros não podem ser o único instrumento de contenção da pressão inflacionária, argumenta. Precisam ser muito bem calibrados para não inibir a retomada do crescimento, que o próprio órgão estima que será consistente no segundo semestre.