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Vacina cearense contra Covid-19 pede autorização da Anvisa para iniciar testes em humanos

A vacina é desenvolvida pela Universidade Estadual do Ceará e já foi testada com sucesso em camundongos

Por Da Redação
Ás

Vacina cearense contra Covid-19 pede autorização da Anvisa para iniciar testes em humanos

Foto: Reprodução

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) aguarda a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar os testes em humanos de uma candidata à vacina contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, desenvolvida pelo Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular (LBBM) da instituição. O pedido de ensaios clínicos em humanos, para avaliar a segurança e a eficácia do produto, foi encaminhado ao órgão regulador em 3 de maio. Uma nova reunião entre os cientistas e técnicos da agência federal está marcada para a próxima quinta-feira (13).

“Esperamos que os resultados em humanos sejam equivalentes ao que foi testado em camundongos”, diz o pesquisador e médico veterinário Ney de Carvalho Almeida, que lidera o estudo ao lado da professora Izabel Florindo, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (Renorbio/Uece) e do professor Maurício van Tilburg.

A pesquisa, que teve início em abril de 2020, já foi testada na etapa pré-clínica com camundongos e obteve resultados promissores, com até 95% de proteção. Uma das diferenças em relação a outros produtos contra o coronavírus é a possibilidade de uso intranasal.

Nesta semana, mais documentos foram enviados à Anvisa. Além disso, a reguladora analisa também outros dois pedidos de testes de imunizantes cujo desenvolvimento e fabricação serão feitos no Brasil. Um deles é a Butanvac, pesquisa do Instituto Butantan. Embora o governo paulista tenha anunciado o produto como "100% nacional", mais tarde admitiu que a tecnologia foi desenvolvida originalmente nos Estados Unidos. 

Outro projeto cuja liberação para testes em humanos depende da Anvisa é a Versamune, desenvolvida pela Faculdade de Medicina da USP. Batizada de HH-120-Defenser, a vacina cearense utiliza um coronavírus aviário (IBV) enfraquecido da mesma família do SARS-CoV-2, que causa a covid-19, mas que pertence a outro grupo. De acordo com os pesquisadores, essa variação do coronavírus não causa infecção em humanos e já era usada há décadas na imunização de aves.

Com o histórico aviário bem-sucedido, Ney de Carvalho Almeida propôs testar o mesmo imunizante em mamíferos. O resultado foi promissor. “A regra de ouro, isto é, a neutralização do SARS-CoV-2 verificada nos camundongos, foi superior a 82%, chegando a 95% conforme a dosagem do vírus utilizada no imunizante”, diz Almeida, que desenvolveu a pesquisa em sua tese de doutorado no programa de pós-Graduação em Biotecnologia (Renorbio) da universidade cearense.

Segundo Almeida, a escolha de um imunizante de 1ª geração,  que usa o vírus atenuado ou inativado,  se deu por questões logísticas e por experiências anteriores. “Como veterinário, eu já tinha conhecimento do vírus em aves, eu sabia como ele agia. A literatura científica aponta que trabalhar com o vírus morto não é tão eficaz, por isso pegamos o coronavírus aviário enfraquecido e expusemos ele ao Sars-CoV-2 em camundongos”, diz.

Como os resultados da administração por via subcutânea e intramuscular foram equivalentes ao uso intranasal, a equipe planeja seguir a pesquisa na modalidade mais acessível. Para Almeida, a possibilidade de administração pelas narinas pode facilitar a disponibilização do imunizante nos postos de saúde, caso haja a aprovação do uso após a conclusão de todas as fases da pesquisa. Se a Anvisa aprovar os testes em humanos e todas as etapas dos estudos clínicos forem bem-sucedidas, a vacina cearense pode ser a de menor custo do mercado.

Segundo os pesquisadores, com R$ 11 é possível comprar 250 doses e imunizar 125 pessoas, considerando duas doses. Assim, cada dose custaria cerca de R$ 0,44, sem outros custos contabilizados, como embalagem, transporte e armazenamento. No Brasil, a vacina mais barata aplicada hoje é a Coronavac, produzida pelo Butantan, cujo custo é de R$ 16 por dose.

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