‘Vamos focar para reaver o valor’, diz Maurício Teles Barbosa sobre fraude dos respiradores

A secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia realizou nesta segunda-feira (1º) uma coletiva de imprensa online para informar sobre a Operação Ragnarok deflagrada na manhã de hoje pela Polícia Civil da Bahia, que investiga a empresa Hempcare, que vendeu e não entregou respiradores ao Consórcio Nordeste. 

Foram presas três pessoas. Além das prisões, a operação Ragnarok cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Araraquara (SP).

Segundo a delegada da Polícia Civil da Bahia que acompanha o caso, Fernanda Sora, a empresa Hempcare foi contratada pelo Consórcio Nordeste no dia 8 de abril. De acordo com o contrato, a empresa tinha dois prazos de entrega. O primeiro seria no dia 18 de abril, lote com 150 respiradores e o outro seria no dia 23 de abril, mais 150 equipamentos. Os prazos não foram cumpridos. Dos equipamentos comprados, 60 deles viriam para a Bahia. 

A dona da Hempcare, que teve os bens bloqueados, informou que fez o contrato para importar respiradores da China, mas que durante as negociações percebeu que os equipamentos fabricados no país apresentavam problemas. “A recusa da devolução do dinheiro chamou a atenção para uma possível fraude”, disse a delegada.

A empresa afirmou que, em contrapartida, ofereceu respiradores produzidos no Brasil, testados pela Anvisa e mais baratos. Ainda segundo a empresa, caso a substituição fosse aceita, ao invés de 300, mais de 400 respiradores seriam entregues. Fernanda Sora afirma que a empresa citada também é alvo de investigação. 

A polícia informou que o grupo alvo da ação é especializado em estelionato, através de fraude na venda de equipamentos hospitalares. Conforme apontam as investigações, a empresa recebeu R$ 48 milhões por um conjunto de respiradores, não os entregou e ainda não devolveu o recurso. A empresa alvo da ação se apresentava como revendedor dos produtos.

“Há indícios de que a empresa Hempcare opera em outras fraudes”, disse a delegada.

Recuperação do dinheiro

Maurício Teles Barbosa, secretário da SSP/Ba informou que a Bahia está tomando todas as medidas para reaver o valor investido na compra dos equipamentos. “A investigação segue e agora a polícia tem um grande material para ser analisado. Esta é uma situação bastante delicada, um absurdo uma empresa realizar uma fraude como esse em meio a uma pandemia mundial”, disse.

“Vamos focar agora na recuperação deste valor que é muito importante para o Estado continuar trabalhando no combate à pandemia.  A polícia vai fazer o rastreamento das contas bancárias como medida para reaver o valor”, informou o secretário.  

A polícia informou que mais de 100 contas bancárias vinculadas ao grupo foram bloqueadas pela Justiça.