Vídeo: Ex-secretário Neri Geller diz ter sido contra leilão de arroz: 'decisão da Casa Civil'

BRASÍLIA -- O ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, disse que a decisão de fazer um leilão para importação de arroz partiu da Casa Civil, que é comandada pelo ministro Rui Costa. Em coletiva nesta terça-feira (18), Geller afirmou que foi contra a realização do certame.

Em meio a crise causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, o governo passou a se preocupar com o abastecimento de arroz, já que o estado gaúcho é um dos maiores produtores do grão no Brasil. "Fomos chamados numa reunião interministerial lá na Casa Civil, portanto a decisão [de fazer o leilão] foi tomada no âmbito da Casa Civil", disse Geller.  

O ex-secretário destacou que se posicionou contrário ao leilão durante reunião na Casa Civil, apresentando dados que mostravam que o país tinha arroz estocado e expectativa de uma boa safra em 2024, mas que foi vencido. "No meu entendimento não precisava ter feito o leilão. Eu não estou falando agora porque deu a polêmica. A minha posição é de anterior. Fui voto vencido", disse. 

Segundo Geller, o governo já discutia a situação do abastecimento e a alta do preço do arroz desde janeiro e a situação no RS foi uma janela para a importação: "quando começaram as enchentes, nós já tínhamos 83% do arroz colhido e esse arroz então estava nos armazéns. E o que faltava colher ainda estava fora dos eixos de inundação poderia ser recuperado. Então, portanto, o arroz estava ali".

"É óbvio que como secretário de Política Agrícola tem hierarquia para seguir. Passou para o gabinete do ministro, ok, ele que resolva lá e que toque lá muito tranquilo, é legítimo. A minha saída pela polêmica se deu, mas eu não poderia sair do Ministério da Agricultura como se tivesse pedido demissão, assumindo a culpa, porque eu não tenho", acrescentou ao comentar a declaração do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro,  que chegou a dizer que Geller tinha pedido demissão, o que foi negado pelo ex-secretário.  

Geller afirmou que não vai atacar o governo pela exoneração, mas que a medida e a forma como foi feita foi errada. "Eu fiquei chateado com o ministro Fávaro, que é eu conheço há trinta anos, militamos politicamente juntos, pela forma como fez, mas nem por isso eu vou sair atirando, porque essa é uma prerrogativa de cargo de confiança que é do governo e do ministro", pontuou.

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