Viola Davis expõe racismo e relata que diretor a chamava pelo nome da empregada
A declaração foi realizada durante um painel que ocorreu no Festival de Cannes, onde a artista foi homenageada

Foto: Reprodução/Instagram/Viola Davis
A atriz americana Viola Davis, de 56 anos, expôs que sofreu racismo de um diretor, que a chamou pelo nome de sua empregada em um set de filmagem. Durante um painel que ocorreu no Festival de Cannes, a artista contou: "Tinha um diretor que me chamava de Louise. Depois descobri que ele me chamava assim porque esse era o nome de sua empregada. Eu o conhecia há 10 anos".
"Eu tinha uns 30 anos na época, então foi há algum tempo. Mas o que você precisa perceber é que essas microagressões acontecem o tempo todo", acrescentou.
Após o desabafo, a homenageada do evento lamentou a persistente falta de representatividade negra na TV, que segundo ela, "escancaram a percepção de Hollywood sobre artistas negros".
Na ocasião, a vencedora de um prêmio Emmy pela atuação na série How to Get Away with Mueder, explicou que a cor de sua pele é levada em consideração na escalação de obras, algo que limita a quantidade de papéis oferecidos a ela.
“Sei que desde quando saí de How to Get Away With Murder não vejo muitas mulheres de pele escura em papéis principais na TV e nem mesmo em serviços de streaming. E isso se liga à ideologia, ao éthos e à mentalidade, e isso está falando em abstrato. Por que você não está contratando uma mulher de pele escura quando ela entra na sala e você diz que ela te surpreende? Crie espaço e narrativa para ela, para que, quando ela prosperar, não prospere apesar de sua circunstância, mas prospere por causa de sua circunstância”, explicou a atriz.
Davis afirmou ainda que está tentando expandir o escopo das histórias contadas pela grande indústria cinematográfica, através de sua produtora JuVee Productions, fundada com Julius Tennon, marido dela.
A estrela também lamentou ter sido rejeitada por preconceitos raciais, por Hollywood não achá-la bonita o suficiente: “Isso parte meu coração e me deixa com raiva. Muito disso é baseado na raça. Realmente é. Sejamos honestos. Se eu tivesse as mesmas características e fosse cinco tons mais clara, seria um pouco diferente. E se eu tivesse cabelos loiros, olhos azuis e até nariz largo, seria um pouco diferente do que é agora. Poderíamos falar sobre colorismo, poderíamos falar sobre raça. Isso me irrita e partiu meu coração – em vários projetos, que não vou citar”, finalizou.