Você sabe o que é reduflação? Entenda o que significa e saiba como não cair nesta armadilha
Utilizada pelas empresas para diminuir custos, prática tem sido bastante adotada após a pandemia
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Barra de chocolate menor do que costuma ser, creme de leite que sofreu alterações em seus ingredientes ou aquele biscoito preferido que parece não render mais como antes. Certamente você já passou por situações como essas nos últimos meses, mas você sabia que isso tem um nome? Chamada de reduflação, esta é uma tática adotada pelas empresas para driblar o aumento nos preços dos seus produtos por conta de reajustes nos insumos.
Em outras palavras, esta é uma forma de conseguir manter o lucro real considerando a diminuição da quantidade do produto ou a utilização de ingredientes mais baratos, ao mesmo tempo em que mantém o mesmo preço da mercadoria.
A estratégia é cada vez mais vista nas prateleiras e isto ocorre, principalmente, por conta do aumento dos custos das matérias-primas, dos atrasos na cadeia de abastecimento e também por conta dos salários mais elevados dos trabalhadores após a pandemia.
Segundo Mark Stiving, da Impact Pricing, organização que educa empresas sobre preços, esta é uma alternativa que visa “aumentar os preços de forma menos dolorosa” para os consumidores.
O especialista diz ainda que nem todos os consumidores conseguem perceber as mudanças imediatamente. Por exemplo, uma bebida que anteriormente era vendida em uma garrafa de 300ml um ano atrás, pode agora ser oferecida pelo mesmo preço, mas com apenas 200ml.
O ponto negativo de tudo isso? Esta é uma realidade que não deve mudar. Segundo especialistas da área, uma vez que os novos tamanhos chegam às prateleiras, eles tendem a permanecer desse jeito. “Como os consumidores não têm escolha, são obrigados a se adaptarem às mudanças”, explica Phil Lempert, analista da indústria alimentar.
Na maioria dos casos, as empresas aproveitam a oportunidade para diminuir os seus produtos e cobrar o mesmo ou até mais. Mas há também aquelas que aproveitam a diferenciação para lançarem um “novo” produto, com a mesma quantidade e características daquele que foi “descontinuado”. "Depois de os produtos serem repetidamente reduzidos em tamanho, o fabricante lançará uma versão nova e maior – por vezes com um novo nome fantasioso", diz Edgar Dworsky, advogado dos direitos do consumidor nos EUA e fundador do guia Consumer World.
Prática é permitida?
A legislação permite que empresas mudem a quantidade ou os ingredientes de um produto. Mas para isso, elas também são obrigadas a fornecerem um aviso prévio das mudanças de forma clara, de forma que o consumidor entenda perfeitamente o que está mudando.
De acordo com a Portaria 392/2021 do Ministério da Justiça, as mudanças devem estar escritas nas embalagens em letras maiúsculas, em negrito, em contraste de cores e em um tamanho que não dificulte a visualização. O documento diz, ainda, que, caso o espaço seja insuficiente para a declaração em uma única superfície contínua da embalagem, o fornecedor poderá informar, apenas, a ocorrência da alteração da quantidade do produto.
Com isso, a prática não é considerada ilegal, desde que o consumidor seja devidamente informado sobre as mudanças de quantidade e/ou ingredientes nas embalagens dos produtos colocados nas prateleiras.
Por este motivo, especialistas defendem que os consumidores precisam estar atentos aos preços para garantir que não caiam em armadilhas como essas. Para isso, é válido acompanhar os preços dos produtos, bem como a quantidade que eles oferecem ao consumidor. Como sempre, a pesquisa é a melhor arma para o consumidor.