Este artigo foca em detalhar quatro iniciativas para melhorar a rentabilidade da sua empresa. Parto da ideia básica do modelo “Du Pont”, de alavancas da rentabilidade operacional do investimento, conhecido como ROI (Retorno sobre o Investimento) ou ROIC (Rentabilidade do Capital Empregado), no inglês “Return on Capital Employed”. O ROI se calcula da seguinte forma: Net Operating Profit After Tax (NOPAT), que pode ser obtido pegando o EBIT, descontando uma carga tributária - aqui há duas possibilidades: a alíquota efetiva e a alíquota máxima padrão (34% atualmente, que é a que eu prefiro usar nos meus treinamentos e consultorias) dividido pelo Capital Investido (soma das contas operacionais - ativos menos passivos circulantes cíclicos - mais os ativos de longo prazo, como imobilizado e intangível). Em algumas empresas, é necessário incluir a diferença entre os ativos realizáveis de longo prazo operacionais e os passivos não circulantes não operacionais.
O ROI é resultado da Margem NOPAT multiplicado pelo Giro do Investimento.
Dois Ps da Eficiência Operacional
A eficiência operacional se traduz na capacidade de transformar Receitas Líquidas em Lucro Operacional. Para isso desenvolvo o que chamo de dois Ps da eficiência operacional.
Primeiro P: Produto - Margem Bruta: Lucro Bruto / Receitas Líquidas
Na corrida em busca do lucro, o primeiro obstáculo é ter uma receita líquida maior que o custo do produto/serviço/mercadoria. Nesse caso, é necessário ter uma margem bruta suficiente para cobrir as despesas operacionais e gerar lucro. Portanto, o primeiro passo é tentar melhorar a margem bruta. Algumas iniciativas sugeridas: incluir a margem bruta no cálculo da remuneração variável dos vendedores. Se os vendedores que trazem as receitas para empresa não estão alinhados com a meta de lucratividade, a situação fica mais difícil, costumo dizer que parte dos problemas começa pelo não alinhamento do time comercial. Realizar o controle das margens brutas de cada venda, por vendedor, por cliente e por região, também ajuda. Com isso você pode rever a política de descontos, rever os custos dos produtos/serviços, como ficha técnica, processos produtivos, insumos, além de tentar escolher o melhor mix que potencializa a margem bruta e ou lucro bruto.
Segundo P: Processos - Despesas Operacionais (Selling, General and Administrative SG&A) em porcentagem das receitas
Neste tópico, faz-se necessário o controles de gastos, usando ferramentas gerenciais como o Gerenciamento Matricial de Despesas, ter um orçamento bem controlado de despesas ou mesmo o OBZ Orçamento Base Zero. Caso não faça isso pelo menos separe os gastos que são discricionários e transacionais, pois estes têm maior potencial de redução (veja artigo https://www.faroldabahia.com.br/coluna/analise-de-custos-e-despesas-veja-esse-modelo-antes-de-cortar).
Dois Cs do Giro
Giro é a produtividade do capital investido: capacidade do capital investido gerar receita medido pela divisão das Receitas Líquidas sobre o Capital Investido)
Primeiro C: Ciclo de Caixa ou Capital de Giro
O Capital de Giro, ou Working Capital, é composto pelas contas dos ativos circulantes cíclicos (como contas a receber, estoques, adiantamento a fornecedores, impostos a recuperar, dentre outras) descontadas dos passivos circulantes cíclicos (fornecedores, salários e impostos a pagar, adiantamento de clientes, dentre outros passivos cíclicos). Quanto menor o working capital, menor os investimentos e, consequentemente, de recursos. Portanto, para tentar controlá-lo, é necessário que você tente diminuir o ciclo de caixa (geralmente gap na quase totalidade de empresas e setores), gerenciando os prazos de recebimento, estocagem e pagamento, e com isso o working capital também diminuirá. Controle esse bloco em porcentagem das Receitas Líquidas. (veja artigo anterior sobre esse tema em https://www.faroldabahia.com.br/noticia/problemas-com-fluxo-de-caixa-3-indicadores-para-gerenciar-o-fluxo-de-caixa-da-sua-empresa).
Segundo C: CAPEX** (investimento de capital) Acumulado
Giro dos Ativos Imobilizado e Intangível: Receitas Líquidas / Soma dos Ativos Imobilizados e Intangíveis.
** Capex é usado para um período, mas eu estou usando como CAPEX acumulado ao longo dos anos.
São os investimentos acumulados ao longo do tempo, descontadas a depreciação e a amortização acumuladas. Quando calculamos esse giro específico, conseguimos ver a produtividade das instalações, do equipamento e do parque fabril, e também do intangível. As iniciativas para melhorar esse C, são: melhorar o layout das máquinas, a utilização dos equipamentos por meio de manutenção preventiva, venda de ativos ociosos, ou mesmo da utilização de mais turnos de produção, o que implica em reduzir a ociosidade (nesse caso tem que fazer as contas para ver se o ROI melhora).
Veja a Figura abaixo:
Concluindo, para melhorar a Rentabilidade da sua empresa, é necessário trabalhar essas quatro iniciativas: os dois Ps da eficiência e os dois Cs da produtividade do capital investido.
José Carlos Oyadomari (PhD.) Professor do Insper e Mackenzie. Conselheiro Consultivo da HVAR Consulting e Eazy Go. Sócio da True Port Advisors. Co-autor do livro Contabilidade Gerencial (Gen Atlas). Desenvolve mentorias sobre Finanças para executivos, além de treinamentos corporativos e consultoria. Instagram: @prof.oyadomari https://www.linkedin.com/in/jcoyadomari/