A liberdade da leitura

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A  liberdade da leitura

Muito já ouvimos falar que a leitura, o conhecimento é capaz de mudar o mundo. Verdade. Algo é certo: ler, buscar conhecimento é, sem dúvida alguma, uma grande arma para mudança do nosso mundo interior. Conhecer gera respostas sólidas, que não são nascidas de achismo, de ouvir falar, mas de certezas que se sustentam em uma espécie de confronto interior, quando geramos em nós mesmos a dialética do mundo e do nosso entorno. Os três países que mais leem no mundo são India, Tailância e China. Não falo em números de leitores, mas em tempo, em horas dedicadas semanalmente à leitura. Esses países leem em média 8 horas semanais. O Brasil ocupa apenas a 27º posição, com uma média de 5,2 horas de leitura semanal. Estamos à frente apenas de Taiwan, Japão e Coréia. Países como Argentina, Venezuela e México — ficam à nossa frente, mas todos abaixo da média global de 6,5 horas semanais dedicadas à leitura.

A leitura, como disse, ajuda, inclusive a nos conhecermos melhores e sairmos de estados de inquietação, ou mesmo de ansiedade e pânico (não falo em dispensar uma boa psicanálise ou psicoterapia), mas sabê-los, em verdade, como efeitos, compreendendo que se torna necessário mergulhar nas causas. Uma das grandes e libertadoras leitura, em meu sentir, é a de Freud e suas concepções e entendimentos. Um dos estudos sobre os mecanismos de defesa do ego, por exemplo, pois tratam do que buscamos como possibilidades a uma relação com o mundo, garantindo nossa sobrevivência psíquica. Em geral são mecanismos que acionamos quando há recusa em aceitar a realidade, pois a verdade pode ser dolorosa demais para o indivíduo conseguir aceitar e lidar com ela. Esse mecanismo pode acontecer em qualquer situação, por exemplo, um indivíduo que afirma beber apenas socialmente, quando, na realidade, possui uma compulsão, pois na hora de encarar episódios traumáticos, ele recorre à bebida para poder apaziguar o sentimento. Esses mecanismos de defesa impedem o autoconhecimento, dificultando o contato com a realidade do que de fato aconteceu ou acontece em seu entorno, como já disse. Em geral, são formações reativas a sentimentos ou comportamentos que gostaríamos que fossem o oposto ao que, de fato, são. Em alguns casos, inclusive, há o rompimento com a realidade e nada fará a mudança da “compreensão” do que imagina que seja, em sua realidade. Geralmente, há substituição de uma realidade externa por outra que não existe, ou que foi moldada a fim de evitar sofrimento, gerar proteção da autoestima e satisfação de vitória, de se chegar ao que se pretendia. 

Ler, efetivamente, é um caminho seguro para o autoconhecimento, mas não é a leitura de comentários de postagens ou daquilo que vem ao encontro, ao agrado das nossas compreensões de vida. Ler sobre o difícil universo de ser, de existir.
 

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