Deboche

Ás

Deboche

Sabe de uma: cada dia que passa estou com o meu limiar de paciência abaixando a níveis de indignação perigosos. Talvez seja a idade, afinal de contas já sou um idoso – 63 anos – ou talvez, ao lado disso, seja o tempo de praia – se falava isto antigamente, para remeter à experiência – tem me feito constatar a avalanche de hipocrisia crescente no mundo. Falo de muitos religiosos que condenaram a performance de um grupo de drag em uma farta mesa, refestelando-se em um banquete. Disseram que era um deboche ao icônico quadro de Leonardo da Vinci – a Última Ceia (registre-se que na época da sua realização o pintor foi rechaçado e a sua obra também, por se dizer ateu, ser homossexual e colocar na personificação dos personagens uma figura feminina, atribuindo-se ao apóstolo João). Todavia, o diretor artístico da abertura dos Jogos Olímpicos, Thomas Jolly, negou que a cena com drag queens apresentada na cerimônia tenha se inspirado no quadro a Última Ceia, de Leonardo Da Vinci. Afirmou que a inspiração foi o deus Dionísio. O deus da festa, do vinho e pai de Sequana, deusa do rio (abertura foi no Sena, você sabe). A ideia, defende-se, era fazer uma grande festa pagã ligada aos deuses do Olimpo.

Honestamente? Deboche ao cristianismo eu vejo nas cenas de crianças sendo massacradas pelo mundo afora: na África, esquálidas, esfaimadas, na faixa de gaza, sendo despedaçadas em bombardeios, nas sinaleiras se prostituindo, viciadas...mas aí está tudo bem, afinal de contas o que lemos em Mateus, 25: 35-45 :” Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.  Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?  E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”. Então, isso fica muito bonito em discurso, em púlpitos, em pregações...porque no dia a dia esses preocupados com encenações teatrais só querem mesmo são as tais lacrações.  
 

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