Paulo Dalgalarrondo é psiquiatra e autor de diversas obras sobre saúde mental, dedicando-se ao estudo sobre o medo, ele reafirma que não se trata de uma emoção patológica, mas algo comum aos animais superiores e ao homem. O medo é o grande responsável pelo processo de sobrevivência, ao longo do evolucionismo, visto que sempre gera cuidados e atenção. Em avaliação da sua essência, o Dr. Dalgalarrondo afirma que o medo é um estado de progressiva insegurança e angústia, de impotência e invalidez crescentes, ante a impressão iminente de que sucederá algo que queríamos evitar e que progressivamente nos consideramos menos capazes do enfrentamento, ou da manutenção da necessidade de enfrentar.
Dito isso, será, penso, que algum medo esteja pairando sobre a alma do presidente Jair Bolsonaro? Talvez a prisão de Queiroz tenha tido um efeito positivo na postura do inquilino do Planalto, pois nunca mais falou que as Forças Aradas estariam com ele. Afagou o Supremo Tribunal Federal, reforçando a necessidade da harmonia entre os Poderes, para o Brasil avançar. Na sua live da quinta, aludiu aos mortos pela pandemia, pedindo ao sanfoneiro e presidente da Embratur, Gilson Machado, que cantasse a “Ave Maria”. Havia um certo clima de atitude protocolar, inclusive pelas fisionomias do próprio e do ministro Paulo Guedes, mas fez.
Muitos estudiosos do comportamento, das emoções e sentimentos humanos afirmam que há uma escala gradual referente ao medo. Ele vai crescendo, até se estabilizando, chegando a fazer, se o controle não é perdido, uma adaptação, um enquadramento ao que o causa, favorecendo atitudes que podem não mais ser para ativar a fuga e ou o enfrentamento, mas uma estabilidade emocional.
O medo, portanto, é de fundamental importância para a nossa autopreservação. Já imaginou se não o tivéssemos? Certamente, não teríamos chegado até aqui, inclusive individualmente. Honestamente, que o presidente tenha medo, pois assim ele ficará mais tranquilo, até quando é uma incógnita, mas que está, está.