Tenho dito pelos meus programa de rádio e TV que não podemos neste momento de pandemia tomar a avaliação do que sentimos e até somos como um fiel retrato de nosso interior, pois tudo está, digamos, desarrumado, mas, certamente, são questões que temos em nós, necessitando de atenção e que estavam esquecidas, como aquela camiseta no fundo da gaveta, que nem imaginávamos mais que tínhamos. Assim, neste momento, o medo é normal, sobretudo quando algo nos traz insegurança, falta de controle, falta de ideia de consequência. Vemos, por outro lado, que muitos no lugar de enfrentamento do medo, como método de exposição gradual e contínua, segundo orientações de especialistas no assunto, percebemos estas pessoas usando, como um mecanismo de defesa, fingir que nada está acontecendo, que tudo está normal, que os outros, a mídia estão exagerando. Não. Esse processo só faz o medo ser mascarado, como o analgésico que vai disfarçando a dor constante, que alerta que algo não vai bem, mas apenas tomamos como mais uma dor de cabeça.
Há uma espécie de estágio, de etapas para vencermos o medo e a primeira dela é exatamente o reconhecimento do que tememos, para aí, e gradualmente, sairmos vencendo, superando os fantasmas trazidos pelos receios. O desconforto interior de fingir que controlamos a situação, as nossas emoções e o nosso sofrimento, seguramente nos causará mais dor, porque não nos permitimos passar os estágios necessários para curar, e o auto-engano só piora a situação. Nós fingimos porque não queremos ser vistos como fracos ou, por outro lado, não queremos assumir diante de nós mesmos os equívocos de avaliação e ou de conceitos que fizemos e no meio do caminho percebemos que estávamos em trilha errada, equivocada.
A insegurança pelo medo é característica do ser humano, no entanto, o sofrimento de desamparo que ele traz está associado de como será a com a nossa atitude em relação ao que nos mete medo. Ignorar as nossas franquezas jamais será uma demonstração de força, mas uma grande covardia diante de nós, do conceito que fazemos de nós mesmos....aquele conceito que só nós temos e não compartilhamos.
Não finja que as questões não as atinge, mas as reconheça e se disponha a vencê-las, uma a uma, de acordo como se apresentam, pois só assim você sentirá que poder, força não é experiência estereotipada, mas o desafio de se conhecer e se superar naquilo que lhe intimida, mete medo.