O tema “empatia” aparece atualmente muito inserido no contexto do Brasil, por todos os lados estamos vendo as pessoas o inserindo em suas argumentações, conversas sobre estes momentos de pandemia, de dores. E exatamente nesse Natal, neste fim de ano que a nossa gente baiana está sendo sacudida por uma tragédia natural sem precedente na história da Bahia. Alagamento, destruição...vidas devastadas por água. Conquistas de trabalho suado sendo dissolvidas por inundações. Ainda aqui, na semana passada, escrevi em meu texto: “Todos podemos ajudar”, onde afirmei que o Brasil não tem, efetivamente, a cultura da doação, da solidariedade, salvo em momentos de catástrofe, mas, no dia a dia, e de forma fluida e perene o brasileiro não doa. Infelizmente é fato, resultado de estudos, mas eis que agora, quando “avaliamos” o ano que se encerra, onde, a priori, é o momento ideal de reconfiguração de posturas, de propostas – não deve ser apenas de perdas – poderemos dar uma ressignificação a este comportamento mais egoísta, e pôr em prática um sentimento verdadeiramente mais empático, concentrado em momentos de tragédia, de urgência, de socorro ao outro, mas buscar mantê-lo o tempo todo, no nosso dia a dia, principalmente entendendo que sempre o “maior beneficiado do ato de ajudar, não é quem recebe a ajuda, mas quem a dar” porque se plenifica, no possível, do apaziguamento de alma, por estar fazendo a sua parte. Pessoa alguma está indene aos reverses da vida, muitas vezes em situações bem diferentes, mas precisamos viabilizar, em nossa forma de ver o mundo, oconceito de aceitação da vulnerabilidade do ser humano, pois assim o indivíduo terá condições de conseguir se colocar no lugar de outro e se sentir o mais próximo possível de sua realidade, pelo menos no lugar da dor, do sofrimento. Não, necessariamente da mesma situação.
Em verdade, a questão não se cinge a compreender o conceito de empatia para oferecer ajuda, mas em se estabelecer uma verdadeira reação de ajuda na fragilidade do outro, pois amanhã poderá ser a nossa, ou de algum nosso descendente. Uma vez, quase aos gritos, disse que minha mãe era uma boba, pois costureira em zona de prostituição, ela fazia as roupas das meninas e nada recebia...era na minha visão de época: enrolada. Um dia ela sorrindo, perguntou-me: - Você acha que eu sou boba mesmo? – Claro – respondi do auge da minha falsa lógica. Ao que me retrucou: - Filho, isto é investimento, pois faço pelas filhas dos outros, para amanhã fazerem pelos meus filhos. Ali estava, para sempre, a minha compreensão de verdadeiro investimento no Bem. Não por interesse, mas pela certeza da lei de retorno.
Aproveitemos, assim, esta necessidade humana de rituais de passagem, e passemos para um degrau adiante, da necessidade de sermos melhores. Não conseguiremos fazer o ideal, mas vamos fazendo o que nos é possível, mas sempre fazendo, a fim de que a lei do retorno nos alcance e ou aos nossos, para nos chegar a certeza de que FAZER O BEM, FAZ BEM. Revisemos a nossa vida. Já.