Temos o hábito de sempre criticar o outro, que julgamos com mais recursos financeiros que os nossos, como sendo alguém que poderia ajudar, ou ajudar mais e não faz. Sempre desconsidero essas assertivas, dizendo que “eles” fazem exatamente o que nós fazemos, pois na medida da proporcionalidade que temos, nesta comparação com quem seja, também poderemos doar ou doar mais, e não fazemos. Vemos felizmente que os que menos possuem sendo mais generosos, doando do que lhes vai faltar. Em 2010 surgiu o The Giving Pledge é uma organização filantrópica dos Estados Unidos fundada por Bill Gates, Melinda Gates e Warren Buffett, que incentiva as pessoas e famílias com grandes fortunas em todo o mundo a contribuírem com uma parte significativa de sua riqueza para causas sociais. Não se trata de doações das “sobras”, mas de um compromisso com a fortuna pessoal. A organização começou com 40 ultra-ricos, hoje com 231 bilionários de 28 países. Agora você deve estar perguntando quantos brasileiros tem? Pasme! Só um aderiu Elie Horn, da Cyrela, incorporadora, com doação em herança de 60% de tudo que deixar. Pois é...
Vemos, infelizmente, que no Ranking Global de Solidariedade (World Giving Index), que já entrevistou mais de 1,6 milhão de pessoas para mapear a solidariedade em diferentes países, divulgou a sua lista de 2020, onde veremos a Indonésia, Mianmar, Austrália, Tailândia e Kosovo, nos 5 primeiros lugares respectivamente. O Brasil apareceu, lamentavelmente, no 54, porém o grande vexame foi do rico país Japão, o último no ranking, 114 lugar, sendo o 7º com maior riqueza global.
O Brasil não tem, efetivamente, a cultura da doação, da solidariedade, salvo em momentos de catástrofe, mas, no dia a dia, e de forma fluida e perene o brasileiro não doa. Certamente, também tenha se naturalizado a vivência da pobreza com o fausto, a riqueza de forma constante. Vemos em fotos pessoas marchando por apoio a este, aquele governo; nesta e naquela passeata, passando por pessoas caídas, deitadas nas calçadas e simplesmente são ignoradas. Alguém as chamou de invisíveis, não! São muitas vezes incômodas para muitos.
O maior beneficiado da ação de ser solidário, não é o que necessita da ajuda e a recebe, mas o bem-estar ficar no coração de quem se fez útil para alguém.